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Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS<br />

e pela luz sensível que brilha; mas ele pode ser visto à noite, quando ele é<br />

luminosamente apresentado durante o tempo da oração. (K.G., V, 42)<br />

O significado aparece imediatamente: este “sábio” que foi visitar Antônio<br />

pertenceria aos “sábios deste século” que nos “prometem” uma grande<br />

quantidade de “conhecimentos” (in Ps., LXII, 4b), enquanto que sua sabedoria é<br />

um saber puramente exterior (in Ps., CIV, 37) cuja toda “riqueza” não é nada em<br />

comparação com “um pouco” de “conhecimento espiritual” (in Ps., XXXVI, 16).<br />

Se as palavras sensíveis permitirem conhecer os objetos também no<br />

mundo do porvir, é evidente que os sábios deste mundo receberão também<br />

o reino dos Céus. Mas se é a pureza do nous que vê e a palavra que lhe<br />

corresponde a que permite conhecer, os sábios deste mundo serão<br />

mantidos longe de Deus. (K.G., VI, 22)<br />

Devido à pureza de seu intelecto, Antônio não tinha necessidade da sabedoria<br />

exterior, a dos livros, da qual o filósofo pudesse se prevalecer: os anjos do<br />

Senhor o haviam tornado “sábio e gnóstico” (K.G., VI, 35), verdadeiro filósofo.<br />

Seu “livro” era a “natureza dos seres criados”, no qual ele sempre podia “ler”<br />

(conhecer) os logoi que lhe manifestavam este “reino dos Céus” de que se tratou<br />

no capítulo 2.<br />

“Em seu livro, estão todos inscritos”: o “livro” de Deus, no qual o<br />

intelecto puro está inscrito pelo conhecimento, é a contemplação dos seres<br />

corpóreos e incorpóreos. Neste livro estão também consignadas as<br />

“razões” (logoi) referentes à providência e ao julgamento. Por meio deste<br />

livro Deus se dá a conhecer como criador, como sábio, como aquele que<br />

prevê e como juiz. Como criador, pelos seres que vieram do nada para a<br />

existência; como sábio, pelas “razões” (logoi) que neles foram<br />

depositadas; como aquele que prevê, por aquilo que nos é útil à virtude e<br />

ao conhecimento; como juiz, enfim, através dos corpos dos seres<br />

racionais, os diversos mundos e os séculos que os englobam. (in Ps.,<br />

CXXXVIII, 16)<br />

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