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Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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CONTRA OS OITO PENSAMENTOS.<br />

trajes de seda; a palavra, como o silêncio; a saciedade, como a fome; o<br />

retiro, como a frequentação dos homens. É com razão que um de nossos<br />

irmãos chamou a vanglória de “um marimbondo que pica em toda parte”.<br />

(Ep., LI, 3)<br />

E para fazer fogo com qualquer madeira, os demônios – e não apenas o da<br />

vanglória – utilizam sempre um estratagema insidioso:<br />

“Eles meditam em como me desequilibrar”: isto é muito bem colocado.<br />

Pois muitas vezes os demônios não nos inspiram abertamente os maus<br />

pensamentos, a fim de que o intelecto não perceba imediatamente sua falta<br />

de bom senso e não os afaste. Mas eles semeiam os maus pensamentos<br />

junto com outros que parecem bons. Mas eles só agem assim com os<br />

perfeitos, que são isentos de paixões. Aos impuros, eles sugerem<br />

abertamente esses pensamentos maus que eles não são capazes de afastar<br />

tanto por causa de suas paixões quanto por seu conhecimento irrazoável.<br />

Foi desta maneira que eles disseram a Eva: “Vocês serão como deuses,<br />

conhecedores do bem e do mal” (Gen., III, 5). (in Ps., CXXXIX, 6g)<br />

Mas o que significa esta restrição segundo a qual os demônios não opõem<br />

resistência a “todos” nossos bons pensamentos?<br />

Ao bom pensamento, apenas dois pensamentos se opõem: o demoníaco e o<br />

que vem de nosso livre arbítrio, e que nos inclina para o mal. (M.C.r.l.,<br />

31)<br />

Como os demônios não conhecem nosso coração, eles são obrigados a observar<br />

nosso comportamento, pelos quais denotamos os movimentos secretos do<br />

coração, sem mesmo sabermos ou querermos (cf. M.C., 27). O mesmo eles<br />

fazem com a vanglória (cf. Ep., XVI, 5). Quando eles vêem que fazemos o bem<br />

por motivos que não são puros, então eles não se opõem. A responsabilidade<br />

última recai sempre sobre nós mesmos e sobre nossa vontade livre: “Nós<br />

mesmos nos submetemos aos demônios por nossa falta de fé” (Ep., XXVIII, 3).<br />

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