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Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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INSTRUÇÕES<br />

a própria essência da praktiké (cf. K.G., V, 46): “o praktikos é o servidor da<br />

separação...” (K.G., 65).<br />

Mas no sentido espiritual. Como se deduz aliás do primeiro texto citado (K.G.,<br />

IV, 33), a morte física como tal não conduz à verdadeira libertação, e menos<br />

ainda a morte que a pessoa provoca para si mesmo. É preciso uma “morte” “que<br />

separe a alma de seus vícios” (in Ps., LIV, 16e). Mas esta é uma “morte mística”<br />

(cf. Pr., Prol., [6]).<br />

Pela contemplação de todos os séculos, Cristo devolve a vida à natureza<br />

racional que o pecado levou à morte, mas a alma desta natureza morta da<br />

morte de Cristo, recebe de seu Pai a vida pelo conhecimento de si mesmo<br />

(cf. Jo., V, 21). É o que diz São Paulo: “Se nós morremos com Cristo,<br />

acreditamos que viveremos também com ele” (Rom. VI, 8).(M.C., 18)<br />

É desta “morte” ligada ao vício que Cristo, “a Vida” (Jo., XIV, 6) nos liberta<br />

pela praktiké (cf. in Ps., XXXII, 19), que é uma “morte” voluntária. E é ele<br />

também, por conseguinte, que nos conduz a esta “vida” que dá o Pai.<br />

A morte de Cristo é a operação misteriosa que conduz à vida eterna<br />

“aqueles que esperaram nele nesta vida” (1 Co, XV, 19). (K.G., VI, 42)<br />

Se aqueles que “morreram com Cristo” serão justificados (cf. Rom. VI, 7-<br />

8), então aqueles que levam uma vida oposta a esta “morte” não serão<br />

justificados perante Deus. (in Ps., CXLII, 2b)<br />

A anacorese, que é realmente uma ruptura voluntária com o mundo habitado e<br />

uma vida no deserto (in Ps., CXVIII, 108), torna-se assim o sinal evidente de um<br />

“exercício” da “morte de Cristo”, o símbolo de um abandono em espírito das<br />

“cobiças” deste mundo, ou seja uma “fuga do corpo”.<br />

Um anacoreta é aquele que afastou de si todos os movimentos passionais e<br />

que fixou em Deus todos os pensamentos de sua alma. (Cent. Suppl., 48)<br />

Mais sintético ainda:

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