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Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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PRÓLOGO<br />

concupiscente, nós os temos em comum, assim como nosso corpo, com os<br />

animais desprovidos de razão (cf. Ep. Mel., 41). Estes impulsos devem ser<br />

“dominados”, porque o objetivo da praktiké é justamente a “atividade natural”<br />

das faculdades irracionais da alma (cf. Pr., 86). Mas como não existem apenas as<br />

“paixões do corpo”, mas também as “paixões da alma” (Pr., 35), é preciso<br />

também suprimir estas últimas pela “participação ao bem” ou ainda, como diz<br />

Evagro, pelo “amor espiritual” (Pr., 35), que é uma participação no Bem<br />

supremo, Deus, que “é amor” (1 João IV, 8).<br />

E como, enfim, esta pele de animal em estado bruto é uma indumentária<br />

miserável, ela simboliza, para Evagro, a rejeição à cupidez, “mãe da idolatria”<br />

(Ep., XXVII, 5), e o amor à pobreza.<br />

“Mas nós, nestes pensamentos, queremos perder tudo para viver na<br />

pobreza com ação de graças. ‘Pois nada trouxemos a este mundo e é claro<br />

que nada levaremos daqui. Se temos alimento e roupas, ficaremos<br />

contentes com isto’ (1 Tim., VI, 7 ss). Lembremos também que são Paulo<br />

disse: ‘O amor ao dinheiro está na raiz de todos os males’ (1 Tim, VI,<br />

10).” (M.C. 23)<br />

[7] O bastão é “uma árvore da vida para todos os que o carregam, um firme<br />

sustentáculo para os que se apoiam sobre ele como sobre o Senhor”.<br />

A “árvore da vida” (Gen., II, 9), para Evagro, é sempre Cristo (cf. K.G., V, 69):<br />

“Jesus Cristo é o lenho da vida. Sirva-se dele como convém, e você não<br />

morrerá jamais.”(Sent., 65)<br />

Uma passagem de uma carta de Evagro explica o que devemos entender por<br />

“apoiar-se” e “servir-se”:<br />

“Eis que chegou o tempo de servir ao Senhor e trazer os ‘frutos da justiça’<br />

(cf. Fil., I, 11), pois ‘o fruto da justiça nasce da árvore da vida’ (Prov., XI,<br />

30) – que é Cristo – nos ‘corações puros’ (Mt., V, 8) dos homens; ele que<br />

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