TEMAS DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
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são “guardados” em outros, onde o sigilo bancário e fiscal é mais forte, como na Suíça.<br />
Diante do crescimento acentuado do crime organizado transnacional, o assunto passou<br />
a ser pauta recorrente nos diversos foros internacionais. Organismos como a Organização<br />
das Nações Unidas (ONU), a Organização dos Estados Americanos (OEA) e o Grupo de<br />
Ação Financeira Internacional (GAFI), entre outros, elaboraram diversos textos tratando do<br />
assunto, direta ou indiretamente, mas sempre com grande preocupação com o combate à<br />
criminalidade internacional. Todas as discussões nos citados foros e os textos elaborados<br />
por seus representantes têm em comum a indicação de que o enfrentamento ao crime<br />
organizado deve passar necessariamente pela retirada dos bens dos criminosos, pela<br />
descapitalização da atividade ilegal. Dessa forma, apreensão e o confisco de bens, assim<br />
como a criminalização da lavagem de dinheiro, passaram a ser tratados como essenciais<br />
para uma eficiente atuação estatal.<br />
Uma “ferramenta” colocada à disposição das autoridades é a cooperação internacional, a<br />
qual tem como objetivos principais a troca de informações de inteligência, a produção de atos<br />
processuais, a obtenção de provas em outros países e o bloqueio e posterior repatriação de ativos.<br />
Trocas de informação podem ocorrer de duas maneiras distintas: em nível de inteligência<br />
ou como cooperação jurídica internacional.<br />
Em nível de inteligência, pode-se citar a troca de informações entre policiais, entre<br />
os membros dos Ministérios Públicos e entre Unidades de Inteligência Financeira (UIFs).<br />
A cooperação realizada por meio da INTERPOL 1 é exemplo de cooperação internacional<br />
bastante eficiente e rápido nos dias atuais, e, além dessa, existe a cooperação entre policiais<br />
de todo o mundo, que trocam informações por intermédiode seus adidos. 2<br />
Membros dos Ministérios Públicos trocam informações diretamente com seus congêneres<br />
nos outros países ou pelas chamadas redes de cooperação, 3 além de existirem grupos<br />
1. A Organização Internacional de Polícia Criminal, mundialmente conhecida pela sua sigla Interpol (em inglês:<br />
International Criminal Police Organization), é uma organização internacional que ajuda na cooperação de polícias<br />
de diferentes países. Foi criada em Viena, na Áustria, no ano de 1923, pelo chefe da polícia vienense Johannes<br />
Schober, com a designação de Comissão Internacional de Polícia Criminal. Hoje sua sede é em Lyon, na França, tendo<br />
adotado o nome atual em 1956 e tem a participação de 190 países membros. A sigla Interpol foi pela primeira vez<br />
utilizada em 1946. A Interpol não se envolve na investigação de crimes que não envolvam vários países membros<br />
ou crimes políticos, religiosos e raciais. Trata-se de uma central de informações para que as polícias de todo o<br />
mundo possam trabalhar integradas no combate ao crime internacional, ao tráfico de drogas e aos contrabandos.<br />
2. No Brasil, existem adidos dos seguintes países: África do Sul, Alemanha, Austrália, Canadá, Colômbia, Dinamarca,<br />
Espanha, Estados Unidos, França, Inglaterra, Itália, Japão, Peru, Portugal e Suíça. Nos últimos anos, a Polícia Federal<br />
brasileira tem expandido sua atuação, possuindo atualmente adidos nos seguintes países: África do Sul, Argentina,<br />
Bolívia, Colômbia, Estados Unidos, França, Itália, Paraguai, Peru, Portugal, Reino Unido, Suriname e Uruguai.<br />
3. As redes de cooperação internacional podem ser definidas como grupos que permitem a comunicação entre<br />
pontos de contato dos países por elas abrangidos. Os pontos de contato são designados pelas autoridades<br />
centrais responsáveis pela cooperação jurídica, pelo Poder Judiciário, pelos Ministérios Públicos e por outras autoridades<br />
envolvidas na cooperação internacional. Além de coordenar a atuação nacional, os pontos de contato<br />
também intermedeiam o processo da cooperação. A atuação, no entanto, não se reveste de caráter burocrático,<br />
mas se pauta pela troca de informações e pela realização de contatos informais. Com o objetivo de fortalecer a<br />
relação entre eles, são promovidos encontros periódicos entre os pontos de contato dessas redes.<br />
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