16.02.2016 Views

TEMAS DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL

5I60JN6pE

5I60JN6pE

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

No Caso Alexeevitch, em sensível investigação envolvendo a máfia russa, o STJ impediu o<br />

auxílio direto, considerando que, “a única via admissível para a solicitação de diligência<br />

proveniente do exterior é a carta rogatória, que deve submeter-se previamente ao crivo<br />

do Superior Tribunal de Justiça”. 36 Nem sua própria Resolução nº 9, de 2005, foi poupada:<br />

nesse caso, o STJ simplesmente deduziu que seu art. 7°, parágrafo único, já mencionado, é<br />

inconstitucional. Nas palavras do Relator, Ministro Barros Monteiro, “a despeito do disposto<br />

no art. 7°, parágrafo único, da Resolução n. 9, da Presidência do STJ, de 4.5.2005, a qual – à<br />

evidência – não pode prevalecer diante do texto constitucional, a execução das diligências<br />

solicitadas deve ocorrer via carta rogatória”. 37<br />

Por outro lado, não houve nenhuma consideração sobre a possibilidade de se distinguir<br />

os casos nos quais a assistência jurídica internacional penal solicitada deve obter o exequatur<br />

e os casos em que tal crivo seria dispensável.<br />

Como visto, o auxílio direto é veículo aceito para transportar o pedido de assistência<br />

jurídica internacional, que possui características próprias que não ferem a competência<br />

constitucional do STJ, o qual só deve apreciar a carta rogatória (outro veículo também aceito).<br />

Estender a competência do STJ ao veículo “auxílio direto” é que seria inconstitucional.<br />

Essa diferenciação, contudo, passou despercebida tanto ao STF quanto ao STJ. A gravidade<br />

da decisão do Caso Alexeevitch é fruto do quórum de decisão: obteve-se a unanimidade<br />

da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, seu órgão máximo (descontadas as<br />

ausências ocasionais). 38 Veremos a seguir nossa sugestão de superação dessa negação do<br />

auxílio direto. Tudo indicava que, após a oposição da Suprema Corte brasileira e a reviravolta<br />

no STJ, não havia muita perspectiva de que o auxílio direto passivo ressuscitasse no Brasil.<br />

Contudo, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, em duas decisões, na Reclamação<br />

nº 2.645 39 e no Agravo Regimental em carta rogatória nº 3.162, 40 novamente mudou<br />

36. AgRg na CR 2484 / RU. Relator: Ministro Barros Monteiro. Órgão Julgador: Corte Especial. Data do Julgamento:<br />

29/06/2007. Data da Publicação/Fonte: DJ 13/08/2007 p. 281.<br />

37. AgRg na CR 2484 / RU. Relator: Ministro Barros Monteiro. Órgão Julgador: Corte Especial. Data do Julgamento:<br />

29/06/2007. Data da Publicação/Fonte: DJ 13/08/2007 p. 281.<br />

38. Ver em AgRg na CR 2484 / RU. Relator: Ministro Barros Monteiro. Órgão Julgador: Corte Especial. Data do<br />

Julgamento: 29/06/2007. Data da Publicação/Fonte: DJ 13/08/2007 p. 281. A Corte Especial do Superior Tribunal<br />

de Justiça, por unanimidade, decidiu negar provimento ao agravo regimental interposto pelo Ministério Público<br />

Federal nos termos do voto do Ministro Relator. Votaram com o Sr. Relator os Srs. Ministros Antônio de Pádua Ribeiro,<br />

Nilson Naves, Humberto Gomes de Barros, Cesar Asfor Rocha, Ari Pargendler, José Delgado, Carlos Alberto<br />

Menezes Direito, Felix Fischer, Aldir Passarinho Junior, Gilson Dipp, Hamilton Carvalhido, Eliana Calmon, Paulo<br />

Gallotti, Laurita Vaz, Luiz Fux, Teori Albino Zavascki e Arnaldo Esteves Lima. Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros<br />

Francisco Falcão e João Otávio de Noronha e, ocasionalmente, o Sr. Ministro Fernando Gonçalves. Brasília,<br />

29 de junho de 2007 (data do julgamento).<br />

39. Reclamação nº 2.645-SP, Relator MinistroTeori Albino Zavaski, acórdão publicado em 16 de dezembro de 2009.<br />

Reclamante: BÓRIS ABRAMOVICH BEREZOVSKY. Data do Julgamento: 18/11/2009. Publicação: DJe 16/12/2009.<br />

RSTJ vol. 217 p. 308. Grifo da Autora.<br />

40. AgReg em Carta Rogatória nº 3.162, Relator Min. Cesar Asfor Rocha, publicado no DJe 06/09/2010, RSTJ vol. 220<br />

p. 17. O acórdão ficou assim ementado: “Nos termos do decidido no julgamento do Agravo Regimental na Carta<br />

Rogatória n. 998/IT e da Reclamação n. 2645/SP, a realização de quebra de sigilo bancário ou de sequestro de bens<br />

por meio de carta rogatória depende de decisão proferida na Justiça estrangeira, a ser delibada por esta Corte. – Ausente<br />

a decisão a ser submetida a juízo de delibação, como ocorre no caso dos autos, o cumprimento do pedido se<br />

dá por meio do auxílio direto, previsto no parágrafo único do art. 7º da Resolução n. 9/2005 deste Tribunal”.<br />

19

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!