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TEMAS DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL

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os procedimentos formais que a União Europeia e os Estados Unidos acordaram para<br />

fins de cooperação bilateral”.<br />

O Ministro das Relações Exteriores da Alemanha responde “Nós não conduzimos uma<br />

busca extraterritorial. Nenhum policial alemão pôs os pés em território norte-americano.<br />

O Stadtpolizei meramente ordenou uma empresa alemã que produzisse seus<br />

próprios registros, que eram de sua posse, custódia e controle”. 4<br />

2.2. A unilateralidade da ação norte-americana: crítica e riscos<br />

Os Estados Unidos têm se utilizado recorrentemente de medidas unilaterais, 5 não sem<br />

crítica e resistência da comunidade internacional, que as considera violadoras do direito<br />

internacional e da independência dos demais Estados soberanos.<br />

Em United States v. Bank of Nova Scotia, a Suprema Corte dos Estados Unidos admitiu<br />

que o banco Nova Scotia, em Miami, Florida, fosse obrigado a produzir dados bancários<br />

existentes em sua filial das Bahamas, a despeito da lei bahamense de proteção ao sigilo<br />

bancário e da inexistência de cooperação jurídica internacional:<br />

O procedimento de assistência judiciária não empresta a devida deferência aos interesses<br />

dos Estados Unidos. Em essência, o banco pede ao tribunal para exigir que<br />

o nosso governo peça aos tribunais das Bahamas para ser autorizado a fazer algo<br />

lícito, sob leis dos Estados Unidos. Conclui-se que tal procedimento é contrário aos<br />

interesses da nossa nação e se sobrepõem aos interesses das Bahamas. 6<br />

Após esse precedente, os Estados Unidos passaram a utilizar as chamadas “intimações<br />

Nova Scotia” (Nova Scotia subpoenas) para, unilateralmente, obter provas no exterior, tendo<br />

como fundamento a jurisdição sobre pessoas localizadas no território norte-americano.<br />

David Gerber, professor associado da Faculdade de Direito Chicago-Kent, assim se<br />

4. U.S. COURT OF APPEALS FOR THE SECOND CIRCUIT, [S.d.] . (tradução livre). No original: “Imagine this scenario.<br />

Officers of the local Stadtpolizei investigating a suspected leak to the press descend on Deutsche Bank headquarters<br />

in Frankfurt, Germany. They serve a warrant to seize a bundle of private letters that a New York Times reporter<br />

is storing in a safe deposit box at a Deutsche Bank USA branch in Manhattan. The bank complies by ordering the<br />

New York branch manager to open the reporter’s box with a master key, rummage through it, and fax the private<br />

letters to the Stadtpolizei.The U.S. Secretary of State fumes: ‘We are outraged by the decision to bypass existing<br />

formal procedures that the European Union and the United States have agreed on for bilateral cooperation [...]’<br />

Germany’s Foreign Minister responds: ‘We did not conduct an extraterritorial search — in fact we didn’t search<br />

anything at all. No German officer ever set foot in the United States. The Stadtpolizei merely ordered a German<br />

company to produce its own business records, which were in its own possession, custody, and control. [...]’. No<br />

way would that response satisfy the U.S. Government. The letters the reporter placed in a safe deposit box in<br />

Manhattan are her private correspondence, not the bank’s business records.”<br />

5. Aponte-se, paradigmaticamente, o caso United States v. Humberto Alvarez Machain, no qual a Suprema Corte<br />

dos Estados Unidos estabeleceu que o Judiciário norte-americano é competente para processar criminalmente<br />

cidadão estrangeiro abduzido à força de território mexicano por oficiais norte‐americanos, sem autorização das<br />

autoridades mexicanas. United States v. Humberto Alvarez Machain, 504 U.S. 91 (1992).<br />

6. United States v. The Bank of Nova Scotia, 462 US 1119 (1983) (tradução livre). No original: “The judicial assistance<br />

procedure does not afford due deference to the United States’ interests. In essence, the bank asks the court to require<br />

our government to ask the courts of the Bahamas to be allowed to do something lawful under United States law. We<br />

conclude such a procedure to be contrary to the interests of our nation and outweigh the interests of the Bahamas.”<br />

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