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TEMAS DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL

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A preocupação não é descabida, haja vista que medidas dessa natureza estimulam<br />

reações com relevante impacto político e econômico. Em parecer oferecido na demanda<br />

envolvendo a Microsoft e o governo norte-americano, na qual ingressaram na condição<br />

de amici contributors, os grupos Verizon Communications Inc., Cisco Systems, Inc., Hewlett-<br />

Packard Co., Ebay Inc., Salesforce.Com, Inc. e Infor criticaram a ação governamental norte<br />

-americana e denunciaram os potenciais efeitos desse comportamento:<br />

A decisão permitindo que o governo dos Estados Unidos requeira a divulgação de<br />

conteúdo armazenado em centros de dados no exterior é arrebatadora em seus<br />

objetivos e impacto. Ela afeta não só o serviço de e-mail objeto desse caso, mas uma<br />

série de outros serviços de comunicação, fornecedores de armazenamento de dados<br />

e empresas de tecnologia. Irá expor empresas americanas a riscos legais em outros<br />

países e prejudicar economicamente os negócios americanos. Vai prejudicar nossos<br />

acordos internacionais e a cooperação internacional. Isso vai estimular retaliação<br />

por parte dos governos estrangeiros, que vão ameaçar os direitos de privacidade de<br />

americanos e não americanos. [...] O governo americano visa contornar esse sistema<br />

estabelecido há muito tempo e, de forma unilateral, obter a prova no exterior através<br />

de um mandado de busca em uma empresa norte-americana. A escolha desse meio<br />

de obtenção foi feita não pela inexistência de outra forma, mas porque o governo<br />

americano acredita que sua abordagem unilateral é mais rápida e mais fácil. 11<br />

Adicionalmente, sustentam os amici curiæ que as recentes revelações sobre práticas<br />

de inteligência dos Estados Unidos aumentaram a sensibilidade dos estrangeiros sobre<br />

o acesso do governo americano a dados situados no exterior, circunstância que colocou<br />

as empresas americanas em desvantagem competitiva em relação aos seus concorrentes<br />

estrangeiros. Concluem estimando que essa desconfiança resultará na perda de dezenas de<br />

bilhões de dólares em negócios por empresas norte-americanas ao longo dos próximos anos.<br />

2.3. O engajamento das comunidades científica e política em torno da solução bilateral<br />

A relevância do caso vem mobilizando extensa lista de cientistas da computação,<br />

associações comerciais, provedores de internet e especialistas em direito digital e internacional,<br />

bem como representantes políticos das comunidades envolvidas, que ingressaram<br />

na causa, em apoio à Microsoft, como amici contributors.<br />

Anthony J. Colangelo, professor de direito internacional da Southern Methodist University,<br />

anotou que nem o governo norte-americano nem a Microsoft podem apreender<br />

registros localizados em um servidor sediado na Irlanda, pois tal ação é claramente dirigida<br />

11. U.S. COURT OF APPEALS FOR THE SECOND CIRCUIT, [S.d.]. No original: “The District Court’s decision allowing the<br />

U.S. government to demand the disclosure of the contents of customer communications (as opposed to Microsoft’s<br />

own business records) stored in overseas data centers is extraordinarily sweeping in its scope and impact. It affects<br />

not only the e-mail service at issue in the case, but a host of other communication services, data storage providers,<br />

and technology companies. It will expose American businesses to legal jeopardy in other countries and damage<br />

American businesses economically. It will upset our international agreements and undermine international cooperation.<br />

And it will spur retaliation by foreign governments, which will threaten the privacy of Americans and non-Americans<br />

alike [...]’The U.S. government in this case seeks to circumvent this long-established system and unilaterally<br />

obtain foreign evidence by serving a search warrant on a U.S. company — not because it could not otherwise obtain<br />

the evidence, but because it believes its unilateral approach is faster and easier’.”<br />

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