16.02.2016 Views

TEMAS DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL

5I60JN6pE

5I60JN6pE

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Parte III – Criminalidade e Cooperação Internacional<br />

Ao Som da Interpol<br />

Luiz Cravo Dórea*<br />

Ao escutar a palavra Interpol, é possível que os amantes de rock alternativo se lembrem<br />

de imediato da banda formada em 1998, que já se apresentou várias vezes no Brasil.<br />

Mas, em 1923, isto é, 92 anos antes de emprestar nome ao quarteto nova-iorquino,<br />

o chefe da polícia de Viena, Johann Schober, com representantes de 14 países, criou<br />

a Organização Internacional de Polícia Criminal, que mais tarde viria a ser conhecida<br />

simplesmente como Interpol, nome adotado como endereço telegráfico da sede da<br />

organização. Já naquela época, era comum que criminosos europeus fugissem do<br />

alcance da lei cruzando a fronteira em direção ao país vizinho. Por isso, eles resolveram<br />

formar um banco de dados que facilitasse a troca de informações sobre delitos<br />

internacionais e seus autores.<br />

Com o tempo, as demais nações perceberam que essa cooperação também facilitava o<br />

combate aos ora chamados crimes transnacionais (tráfico de drogas, armas, pessoas, obras<br />

de arte roubadas, terrorismo, contrabando etc.) e, aos poucos, foram aderindo. Com sede em<br />

Lyon, na França, a Interpol conta atualmente com 190 países-membros. É a segunda maior<br />

organização internacional, atrás apenas da Organização das Nações Unidas (ONU), com 193<br />

países, ou seja, somente três países da ONU ainda não se associaram. Em cada país filiado<br />

há um Escritório Central Nacional (ECN). Funciona sem interrupção durante todos os dias<br />

do ano e difunde informações em quatro línguas oficiais: árabe, espanhol, francês e inglês.<br />

Seu suporte é mantido por contribuições dos países, de acordo com a capacidade financeira<br />

de cada um. O Brasil contribui com 799 mil euros anualmente, o que corresponde a<br />

1,47% do orçamento geral da instituição. Parece caro, mas vale a pena. Com a globalização<br />

do crime e a fácil movimentação das pessoas, não há como um país, principalmente o Brasil,<br />

considerada a 7ª economia do planeta, combater de forma muito eficiente a delinquência<br />

internacional sem possuir uma ferramenta mundial de intercâmbio de informação policial.<br />

Tanto é que, desde 1956, a Interpol no Brasil já cumpriu centenas de mandados de prisão<br />

expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra estrangeiros, para extradição. A lista<br />

vai de pedófilos a mafiosos que gostam de esconder-se em ensolaradas praias do Nordeste<br />

sob disfarce de simpáticos donos de restaurantes e pousadas. No exterior, dentre os casos<br />

mais famosos, destacam-se as prisões da fraudadora do INSS, Jorgina de Freitas, presa na<br />

Costa Rica, e do tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello, Paulo<br />

César Farias, detido na Tailândia. Recentemente entraram na galeria Henrique Pizzolato,<br />

preso na Itália, e o médico Roger Abdelmassih, capturado em Assunção, Paraguai.<br />

Não existe concurso ou outra forma de seleção para ingressar na Interpol. Normalmente<br />

ela é representada em cada país por alguma instituição policial. No Brasil, suas atribuições<br />

são desempenhadas por servidores policiais e administrativos da Polícia Federal. Diferente<br />

do que muita gente pode pensar, seus agentes não possuem imunidade diplomática nem<br />

* Coordenador-Geral de Cooperação Internacional da Polícia Federal.<br />

157

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!