19.04.2013 Views

Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

nosso desejo de ser engana<strong>do</strong>s —, de fato nos<br />

deixamos enredar (”Populus vult decipi, ergo<br />

decipiatur”). E tão astutamente foram combina<strong>do</strong>s o<br />

uso enganoso da palavra como tom enganoso, <strong>que</strong> só<br />

os <strong>que</strong> tinham dano cerebral ficaram ilesos, não foram<br />

logra<strong>do</strong>s.<br />

101<br />

Parte 2<br />

EXCESSOS<br />

103<br />

INTRODUÇÃO<br />

”D<strong>é</strong>ficit”, como já dissemos, <strong>é</strong> <strong>um</strong> termo muito<br />

preza<strong>do</strong> pela neurologia — o único, de fato, para indicar<br />

qual<strong>que</strong>r distúrbio de função. Ou <strong>um</strong>a função (como <strong>um</strong><br />

condensa<strong>do</strong>r ou fusível) <strong>é</strong> normal, ou <strong>é</strong> defectiva ou<br />

imperfeita: <strong>que</strong> outra possibilidade existe para <strong>um</strong>a<br />

neurologia mecanicista, <strong>que</strong> <strong>é</strong> essencialmente <strong>um</strong><br />

sistema de capacidades e conexões?<br />

O <strong>que</strong> dizer, então, <strong>do</strong> oposto — <strong>um</strong> excesso ou<br />

superabundância de função? A neurologia não tem <strong>um</strong><br />

termo para isso por<strong>que</strong> não dispõe de <strong>um</strong> conceito.<br />

Uma função, ou <strong>um</strong> sistema funcional, funciona ou não<br />

funciona: estas são as únicas possibilidades <strong>que</strong> a<br />

neurologia admite. Assim, <strong>um</strong>a <strong>do</strong>ença <strong>que</strong> tem <strong>um</strong><br />

caráter ”ebuliente” ou ”produtivo” contesta os<br />

conceitos mecanicistas básicos da neurologia, sen<strong>do</strong><br />

esta, sem dúvida, <strong>um</strong>a razão por <strong>que</strong> tais distúrbios -<br />

por mais comuns, importantes e intrigantes <strong>que</strong> sejam<br />

— nunca receberam a atenção <strong>que</strong> merecem. Recebemna<br />

da psiquiatria, onde se fala em distúrbios excita<strong>do</strong>s<br />

e produtivos—excessos de fantasia, impulso... de<br />

mania. E da anatomia e patologia, onde se fala em<br />

hipertrofias, monstruosidades — teratoma. Mas a<br />

fisiologia não possui <strong>um</strong> equivalente para isso, nenh<strong>um</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!