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Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

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Ele tinha dificuldade at<strong>é</strong> para reconhecer a si mesmo<br />

no espelho, como descrevem em detalhes Macrae e<br />

Trolle: ”No início da fase de convalescença, ele com<br />

freqüência, em especial quan<strong>do</strong> se barbeava, ficava em<br />

dúvida sobre se o rosto <strong>que</strong> o fitava era o seu próprio e,<br />

embora soubesse <strong>que</strong> fisicamente não podia ser<br />

nenh<strong>um</strong> outro, em várias ocasiões ele fez caretas ou<br />

botou a língua para fora, ’só para ter certeza’.<br />

Estudan<strong>do</strong> atentamente seu rosto no espelho, ele pouco<br />

a pouco passou a reconhecê-lo, mas não ’de relance’,<br />

como antes — ele tomava por base os cabelos e o<br />

contorno facial, al<strong>é</strong>m de duas pe<strong>que</strong>nas verrugas na<br />

face es<strong>que</strong>rda”.<br />

De <strong>um</strong> mo<strong>do</strong> geral, ele não conseguia reconhecer os<br />

objetos ”de relance”; precisava procurar <strong>um</strong>a ou duas<br />

características e fazer suposições com base nelas; às<br />

vezes, as suposições eram absurdamente equivocadas.<br />

Em particular, observaram os autores, ele tinha<br />

dificuldade com o <strong>que</strong> era anima<strong>do</strong>.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, objetos es<strong>que</strong>máticos simples —<br />

tesouras, relógio, chave etc. — não representavam<br />

dificuldades. Macrae e Trolle observam ainda <strong>que</strong> ”sua<br />

memória topográfica era estranha: havia o aparente<br />

para<strong>do</strong>xo de <strong>que</strong> ele era capaz de encontrar o caminho<br />

de casa para o hospital e localizar-se nas proximidades<br />

deste, mas mesmo assim não conseguia saber o nome<br />

das ruas <strong>do</strong> caminho percorri<strong>do</strong> [diferentemente <strong>do</strong> dr.<br />

P, este paciente tamb<strong>é</strong>m apresentava <strong>um</strong>a certa<br />

afasia], nem parecia visualizar a topografia”.<br />

Tamb<strong>é</strong>m se evidenciou <strong>que</strong> suas recordações visuais<br />

de pessoas, mesmo as de muito tempo antes <strong>do</strong><br />

acidente, foram seriamente prejudicadas: havia a<br />

lembrança da conduta, ou talvez de <strong>um</strong> maneirismo,<br />

mas não da aparência visual ou rosto. Analogamente,<br />

como se depreendeu quan<strong>do</strong> ele foi minuciosamente<br />

<strong>que</strong>stiona<strong>do</strong>, ele não tinha mais imagens visuais em<br />

seus sonhos. Assim, como no caso <strong>do</strong> dr. P, não apenas<br />

a percepção visual, mas a imaginação e a

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