19.04.2013 Views

Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

menos a meu ver, de <strong>que</strong> os gêmeos têm à sua<br />

disposição <strong>um</strong> prodigioso panorama, <strong>um</strong>a esp<strong>é</strong>cie de<br />

paisagem ou fisionomia, de tu<strong>do</strong> o <strong>que</strong> já ouviram,<br />

viram, pensaram ou fizeram, e <strong>que</strong>, n<strong>um</strong> piscar de<br />

olhos, externamente óbvio quan<strong>do</strong> eles os reviram<br />

brevemente e depois os fixam, eles são capazes (com<br />

os ”olhos da mente”) de recuperar e ”ver” quase<br />

qual<strong>que</strong>r coisa <strong>que</strong> esteja nessa vasta paisagem.<br />

Tais poderes de memória são raríssimos, por<strong>é</strong>m não<br />

únicos. Pouco ou nada sabemos das razões por <strong>que</strong> os<br />

gêmeos ou qual<strong>que</strong>r outra pessoa os têm. Haverá,<br />

então, alg<strong>um</strong>a coisa nos gêmeos <strong>que</strong> seja de <strong>um</strong><br />

interesse mais profun<strong>do</strong>, como vim insinuan<strong>do</strong>?<br />

Acredito <strong>que</strong> sim.<br />

Conta-se <strong>que</strong> sir Herbert Oakley, o professor<br />

oitocentista de música em Edimburgo, ao ser leva<strong>do</strong> a<br />

<strong>um</strong>a fazenda e ouvir <strong>um</strong> porco guinchar, bra<strong>do</strong>u no<br />

mesmo instante: ”Sol susteni<strong>do</strong>!”. Algu<strong>é</strong>m correu para<br />

o piano, e era sol susteni<strong>do</strong> mesmo. Minha primeira<br />

impressão das capacidades ”naturais” e <strong>do</strong> mo<strong>do</strong><br />

”natural” <strong>do</strong>s gêmeos veio de maneira semelhante,<br />

espontânea e (não pude deixar de sentir) bastante<br />

cômica.<br />

Uma caixa de fósforos <strong>que</strong> estava em cima da mesa<br />

caiu e o conteú<strong>do</strong> espalhou-se no chão: ”111”, gritaram<br />

os gêmeos simultaneamente; a seguir, John disse<br />

baixinho: ”37”. Michael repetiu esse<br />

220<br />

número, John disse-o pela terceira vez e parou. Contei<br />

os fósforos — demorei <strong>um</strong> pouco — e havia 111.<br />

”Como conseguiram contar os fósforos tão<br />

depressa?”, perguntei. ”Não contamos”, eles<br />

responderam. ”Nós vimos os 111”.<br />

Histórias semelhantes contam-se a respeito de<br />

Zacharias Dase, o prodígio <strong>do</strong>s números, <strong>que</strong> declarava<br />

instantaneamente ”183” ou ”79” quan<strong>do</strong> se derramava<br />

<strong>um</strong> punha<strong>do</strong> de ervilhas e indicava <strong>do</strong> melhor mo<strong>do</strong><br />

possível — ele tamb<strong>é</strong>m era deficiente mental — <strong>que</strong> não

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!