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Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

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pacientes dessa maneira!”<br />

”Eu não estou brincan<strong>do</strong>”, falei. ”Essa <strong>é</strong> sua perna”.<br />

Ele viu em meu rosto <strong>que</strong> eu falava a s<strong>é</strong>rio, e <strong>um</strong>a<br />

expressão de terror o <strong>do</strong>minou. ”Está dizen<strong>do</strong> <strong>que</strong> <strong>é</strong><br />

minha perna, <strong>do</strong>utor? Não diria <strong>que</strong> <strong>um</strong> homem deveria<br />

conhecer a própria perna”?<br />

”Sem dúvida”, respondi. ”Ele deveria conhecer a<br />

própria perna. Não consigo imaginá-lo não conhecen<strong>do</strong><br />

a própria perna. Talvez você esteja brincan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> esse<br />

tempo”?<br />

73<br />

”Juro por Deus <strong>que</strong> não estou Um homem deveria<br />

conhecer seu próprio corpo, o <strong>que</strong> <strong>é</strong> seu e o <strong>que</strong> não e,<br />

mas esta perna, esta coisa” — outro arrepio de repulsa<br />

— ”não parece certa, não parece real — e não parece<br />

ser parte de mim”.<br />

”como <strong>que</strong> ela parece*”, perguntei perplexo, estan<strong>do</strong><br />

à<strong>que</strong>la altura tão confuso quanto ele<br />

”Como <strong>que</strong> ela parece*”, ele repetiu minhas palavras<br />

lentamente ”vou lhe dizer com o <strong>que</strong> parece Ela não<br />

parece com coisa nenh<strong>um</strong>a deste mun<strong>do</strong> Como <strong>é</strong> <strong>que</strong><br />

<strong>um</strong>a coisa dessas pode me pertencer*. Não sei a <strong>que</strong><br />

pertence <strong>um</strong>a coisa dessas”. Sua voz foi s<strong>um</strong>in<strong>do</strong> Ele<br />

parecia aterroriza<strong>do</strong> e choca<strong>do</strong><br />

”Escute”, falei ”Acho <strong>que</strong> você não está bem Por<br />

favor, permita <strong>que</strong> o ponhamos de novo na cama Mas<br />

<strong>que</strong>ro fazer <strong>um</strong>a última pergunta Se esta — esta coisa<br />

— não <strong>é</strong> sua perna es<strong>que</strong>rda” (ele a chamara de<br />

”imitação” em certo momento de nossa conversa e<br />

expressou espanto pelo fato de algu<strong>é</strong>m se dar tanto<br />

trabalho para ”fabricar” <strong>um</strong> ”fac-símile”) ”então onde<br />

está sua perna es<strong>que</strong>rda*”.<br />

Novamente ele empalideceu — ficou tão páli<strong>do</strong> <strong>que</strong><br />

pensei <strong>que</strong> ele fosse desmaiar ”Não sei”, respondeu<br />

”Não tenho id<strong>é</strong>ia Ela desapareceu, s<strong>um</strong>iu Não se<br />

encontra em lugar alg<strong>um</strong>”.<br />

POS-ESCRITO

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