Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa
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síndrome de Tourette ou com”tourettismo” originário<br />
de qual<strong>que</strong>r outra causa (ata<strong>que</strong>s, t<strong>um</strong>ores cerebrais,<br />
intoxicações ou infecções) parecem ter <strong>um</strong> excesso de<br />
transmissores excita<strong>do</strong>res no c<strong>é</strong>rebro, especialmente<br />
<strong>do</strong> transmissor <strong>do</strong>pamina. E, como os pacientes<br />
parkinsonianos letárgicos precisam de mais <strong>do</strong>pamina<br />
para animá-los, como meus pacientes pósencefalíticos<br />
foram ”desperta<strong>do</strong>s” pelo precursor da <strong>do</strong>pamina, a<br />
levo<strong>do</strong>pa, assim tamb<strong>é</strong>m os pacientes fren<strong>é</strong>ticos e com<br />
a síndrome de Tourette precisavam <strong>que</strong> fosse baixada<br />
sua <strong>do</strong>pamina por <strong>um</strong> antagonista, como, por exemplo,<br />
a droga haloperi<strong>do</strong>l (Hal<strong>do</strong>l).<br />
Por outro la<strong>do</strong>, não existe apenas <strong>um</strong> excesso de<br />
<strong>do</strong>pamina no c<strong>é</strong>rebro das pessoas com a síndrome de<br />
Tourette, assim como não há apenas <strong>um</strong>a deficiência de<br />
<strong>do</strong>pamina no c<strong>é</strong>rebro <strong>do</strong> parkinsoniano. Existem<br />
tamb<strong>é</strong>m alterações muito mais sutis e mais<br />
disseminadas, como se poderia esperar em <strong>um</strong><br />
distúrbio capaz de alterar a personalidade: há inúmeros<br />
caminhos sutis da anormalidade <strong>que</strong> diferem de<br />
paciente para paciente e de <strong>um</strong> dia para o outro em <strong>um</strong><br />
mesmo paciente. O Hal<strong>do</strong>l pode ser <strong>um</strong>a resposta para<br />
a síndrome de Tourette, mas nem essa nem qual<strong>que</strong>r<br />
outra droga pode ser a resposta, assim como a<br />
levo<strong>do</strong>pa tamb<strong>é</strong>m não <strong>é</strong> a resposta para o<br />
parkinsonismo. Complementan<strong>do</strong> qual<strong>que</strong>r abordagem<br />
puramente medicinal ou m<strong>é</strong>dica, deve haver tamb<strong>é</strong>m<br />
<strong>um</strong>a abordagem ”existencial”: em especial <strong>um</strong>a<br />
compreensão sensível da ação, arte e brincadeira<br />
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como sen<strong>do</strong> essencialmente saudáveis e livres e,<br />
portanto, antagônicas a ímpetos e impulsos grosseiros,<br />
à ”força cega <strong>do</strong> subcórtex” <strong>que</strong> aflige esses pacientes.<br />
O parkinsoniano imóvel <strong>é</strong> capaz de cantar e dançar, e<br />
quan<strong>do</strong> o faz livra-se completamente <strong>do</strong><br />
parkinsonismo; e quan<strong>do</strong> o galvaniza<strong>do</strong> paciente com<br />
síndrome de Tourette canta, brinca ou representa, <strong>é</strong> por<br />
sua vez completamente liberta<strong>do</strong> de seus sintomas.