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Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

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O <strong>que</strong> Myers não esclarece, e <strong>que</strong> talvez não<br />

estivesse claro, era se Dase possuía alg<strong>um</strong> m<strong>é</strong>to<strong>do</strong> para<br />

produzir as tabelas ou se, como sugeri<strong>do</strong> por seus<br />

simples experimentos de ”ver números”, ele de alg<strong>um</strong><br />

mo<strong>do</strong> ”via” a<strong>que</strong>les grandes números primos, como<br />

aparentemente os gêmeos viam.<br />

Observan<strong>do</strong>-os discretamente — isso era fácil de<br />

fazer, pois eu tinha <strong>um</strong>a sala na enfermaria onde os<br />

gêmeos estavam aloja<strong>do</strong>s —,<br />

225<br />

vi-os em inúmeros outros tipos de jogos n<strong>um</strong><strong>é</strong>ricos ou<br />

comunhão n<strong>um</strong><strong>é</strong>rica, cuja natureza não pude apurar ou<br />

mesmo supor.<br />

Mas parece provável, ou certo, <strong>que</strong> eles estejam<br />

lidan<strong>do</strong> com propriedades ou qualidades ”reais” — pois<br />

o arbitrário, como os números aleatórios, não lhes dá<br />

prazer, ou lhes dá muito pouco. Está claro <strong>que</strong> eles<br />

precisam ter ”senti<strong>do</strong>” em seus números — <strong>do</strong> mesmo<br />

mo<strong>do</strong>, talvez, como <strong>um</strong> músico precisa ter harmonia.<br />

De fato, eu me surpreendi comparan<strong>do</strong>-os a músicos —<br />

ou a Martin (capítulo<br />

22), tamb<strong>é</strong>m retarda<strong>do</strong>, <strong>que</strong> encontrava na serena e<br />

magnífica arquitetônica de Bach <strong>um</strong>a manifestação<br />

sensível da suprema harmonia e ordem <strong>do</strong> inun<strong>do</strong>,<br />

inacessível para ele conceitualmente devi<strong>do</strong> às suas<br />

limitações intelectuais.<br />

”To<strong>do</strong> a<strong>que</strong>le <strong>que</strong> <strong>é</strong> composto harmonicamente”,<br />

escreve sir Thomas Browne, ”deleita-se com a<br />

harmonia [ ] e <strong>um</strong>a profunda contemplação <strong>do</strong> primeiro<br />

compositor. Há nela algo da divindade mais <strong>do</strong> <strong>que</strong><br />

descobre o ouvi<strong>do</strong>, <strong>é</strong> <strong>um</strong>a hieroglífica e obscurecida<br />

lição sobre to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> [ ] <strong>um</strong>a pe<strong>que</strong>nina seção da<br />

harmonia <strong>que</strong> soa intelectualmente nos ouvi<strong>do</strong>s de<br />

Deus [...] A alma [...] <strong>é</strong> harmônica e tem sua afinidade<br />

mais estreita com a música ”<br />

Richard Wollheim, em The thread ofhfe (1984), faz<br />

<strong>um</strong>a distinção absoluta entre cálculos e o <strong>que</strong> ele<br />

denomina esta<strong>do</strong>s mentais ”icônicos”, e antevê <strong>um</strong>a

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