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Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

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e sensações da infância, seus repentinos ”transportes”<br />

epil<strong>é</strong>pticos para o mun<strong>do</strong> de seus primeiros anos de<br />

vida—<strong>que</strong> eram sem dúvida ”reminiscências”, e<br />

autênticas, pois, como comprovou Penfield sem sombra<br />

de dúvida, tais ata<strong>que</strong>s capturam e reproduzem <strong>um</strong>a<br />

realidade — <strong>um</strong>a realidade vivenciada, e não <strong>um</strong>a<br />

fantasia: segmentos verdadeiros da vida e experiência<br />

passada <strong>do</strong> indivíduo.<br />

Mas Penfield sempre fala em ”consciência” nesse<br />

contexto — em ata<strong>que</strong>s físicos capturan<strong>do</strong> e<br />

reproduzin<strong>do</strong> convulsivamente parte <strong>do</strong> fluxo de<br />

consciência, da realidade consciente. O <strong>que</strong> <strong>é</strong><br />

singularmente importante, e comovente, no caso da<br />

sra. O’C. <strong>é</strong> o fato de a ”reminiscência” epil<strong>é</strong>ptica ter<br />

captura<strong>do</strong> algo inconsciente — experiências da primeira<br />

infância, es<strong>que</strong>cidas ou reprimidas da consciência—<br />

restauran<strong>do</strong>-as, convulsivamente, à memória e<br />

consciência plenas. E podemos supor ser essa a razão<br />

por <strong>que</strong>, embora fisiologicamente a ”porta” se tenha<br />

fecha<strong>do</strong>, a experiência em si não foi es<strong>que</strong>cida,<br />

deixan<strong>do</strong> <strong>um</strong>a impressão profunda e dura<strong>do</strong>ura e sen<strong>do</strong><br />

vivenciada como <strong>um</strong>a experiência significativa e<br />

ben<strong>é</strong>fica. ”Estou feliz por isso ter aconteci<strong>do</strong>”, ela<br />

declarou quan<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> terminou. ”Foi a experiência<br />

mais saudável, mais feliz de minha vida. Já não há <strong>um</strong><br />

grande pedaço da infância faltan<strong>do</strong>. Não consigo recor-<br />

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dar os detalhes agora, mas sei <strong>que</strong> está tu<strong>do</strong> lá. Sinto<br />

<strong>um</strong>a esp<strong>é</strong>cie de inteireza <strong>que</strong> nunca tinha senti<strong>do</strong><br />

antes”.<br />

Essas não foram palavras vazias, e sim corajosas e<br />

verdadeiras. Os ata<strong>que</strong>s da sra. O’C. realmente<br />

efetuaram <strong>um</strong>a esp<strong>é</strong>cie de ”conversão”,<br />

proporcionaram de fato <strong>um</strong> centro para <strong>um</strong>a vida sem<br />

eixo, devolveram a ela a infância <strong>que</strong> perdera — e com<br />

isso veio <strong>um</strong>a serenidade <strong>que</strong> ela nunca sentira antes e<br />

<strong>que</strong> permaneceu pelo resto de sua vida: <strong>um</strong>a<br />

serenidade e segurança de espírito supremas, só

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