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Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

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astante limita<strong>do</strong>. O <strong>que</strong>, então, será especialmente<br />

interessante nos deficientes mentais?<br />

Há alg<strong>um</strong>a relação com as qualidades da mente <strong>que</strong><br />

são preservadas, e at<strong>é</strong> mesmo realçadas, de mo<strong>do</strong> <strong>que</strong>,<br />

embora ”mentalmente deficientes” em alguns aspectos,<br />

em outros eles podem ser mentalmente interessantes,<br />

e at<strong>é</strong> mentalmente completos. Qualidades<br />

194<br />

mentais outras <strong>que</strong> não as conceituais — <strong>é</strong> isso <strong>que</strong><br />

podemos explorar com singular clareza na mente <strong>do</strong>s<br />

deficientes mentais (como tamb<strong>é</strong>m podemos fazer com<br />

a mente das crianças e <strong>do</strong>s ”selvagens” B — embora,<br />

como reitera Clifford Geertz, essas categorias nunca<br />

devam ser equiparadas: os selvagens não são<br />

deficientes mentais nem crianças, estas não têm <strong>um</strong>a<br />

cultura selvagem e os deficientes mentais não são<br />

selvagens nem crianças). Entretanto, existem<br />

importantes afinidades—e tu<strong>do</strong> o <strong>que</strong> Piaget nos<br />

revelou sobre a mente das crianças e L<strong>é</strong>vi-Strauss<br />

sobre a ”mente <strong>do</strong> selvagem” nos espera, em forma<br />

diferente, na mente e no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s deficientes<br />

mentais.*<br />

O <strong>que</strong> está reserva<strong>do</strong> a nosso estu<strong>do</strong> <strong>é</strong> igualmente<br />

agradável ao coração e à mente e, por isso, incita<br />

especialmente o impulso à ”ciência romântica” de<br />

Luria.<br />

Qual <strong>é</strong> essa qualidade da mente, essa ín<strong>do</strong>le <strong>que</strong><br />

caracteriza os deficientes mentais e lhes dá essa<br />

pungente inocência, transparência, integridade e<br />

dignidade — <strong>um</strong>a qualidade tão distinta <strong>que</strong> temos de<br />

falar em ”mun<strong>do</strong>” <strong>do</strong>s deficientes mentais (assim como<br />

falamos no ”mun<strong>do</strong>” das crianças ou <strong>do</strong>s selvagens)?<br />

Se tivermos de usar <strong>um</strong>a única palavra aqui, ela terá<br />

de ser ”concretude” — o mun<strong>do</strong> dessas pessoas <strong>é</strong><br />

vivi<strong>do</strong>, intenso, detalha<strong>do</strong> e, contu<strong>do</strong>, simples,<br />

precisamente por ser concreto: nem complica<strong>do</strong>,<br />

diluí<strong>do</strong>, nem unifica<strong>do</strong> pela abstração.<br />

Por <strong>um</strong>a esp<strong>é</strong>cie de inversão, ou subversão, da

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