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Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

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fechava. Precisava, primeiro, monitorar a si mesma<br />

usan<strong>do</strong> a visão, olhan<strong>do</strong> atentamente para cada parte<br />

<strong>do</strong> corpo quan<strong>do</strong> esta se movia, com <strong>um</strong>a consciência e<br />

cuida<strong>do</strong> quase <strong>do</strong>lorosos. Seus movimentos,<br />

monitora<strong>do</strong>s e regula<strong>do</strong>s conscientemente, foram a<br />

princípio desajeita<strong>do</strong>s e extremamente artificiais.<br />

65<br />

Mas depois — e foi quan<strong>do</strong> nós <strong>do</strong>is nos<br />

surpreendemos, satisfeitos —; pelo poder de <strong>um</strong><br />

automatismo sempre crescente, diariamente crescente,<br />

seus movimentos começaram a parecer mais<br />

delicadamente modula<strong>do</strong>s, mais graciosos, mais<br />

naturais (embora ainda totalmente dependentes <strong>do</strong> uso<br />

<strong>do</strong>s olhos).<br />

Cada vez mais, semana a semana, o feedback<br />

normal, inconsciente, da propriocepção foi sen<strong>do</strong><br />

substituí<strong>do</strong> por <strong>um</strong> feedback igualmente inconsciente<br />

da<strong>do</strong> pela visão, pelo automatismo visual e reflexos<br />

cada vez mais integra<strong>do</strong>s e fluentes. Seria possível,<br />

tamb<strong>é</strong>m, <strong>que</strong> algo mais fundamental estivesse<br />

acontecen<strong>do</strong>? Que o modelo visual <strong>que</strong> o c<strong>é</strong>rebro tem<br />

<strong>do</strong> corpo, ou imagem corporal — em geral bastante<br />

tênue (e, evidentemente, inexistente nos cegos) e em<br />

geral secundário no modelo corporal proprioceptivo -,<br />

seria possível <strong>que</strong> esse, agora <strong>que</strong> o modelo corporal<br />

proprioceptivo desaparecera, estivesse ganhan<strong>do</strong>, por<br />

compensação ou substituição, <strong>um</strong>a força intensificada,<br />

excepcional, extraordinária? E a isto podia acrescentarse,<br />

ainda, <strong>um</strong>a intensificação compensatória <strong>do</strong> modelo<br />

ou imagem corporal vestibular... ambos em <strong>um</strong> grau<br />

<strong>que</strong> era maior <strong>do</strong> <strong>que</strong> calculávamos ou esperávamos.*<br />

Quer tenha ou não havi<strong>do</strong> <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento no uso <strong>do</strong><br />

feedback vestibular, sem dúvida ocorreu <strong>um</strong>a<br />

intensificação <strong>do</strong> uso <strong>do</strong>s ouvi<strong>do</strong>s - feedback auditivo.<br />

Este, normalmente, <strong>é</strong> secundário e tem pouquíssima<br />

importância para a fala — nossa fala permanece normal<br />

quan<strong>do</strong> ficamos sur<strong>do</strong>s devi<strong>do</strong> à coriza de <strong>um</strong> resfria<strong>do</strong>,<br />

e alguns sur<strong>do</strong>s congênitos podem adquirir <strong>um</strong>a fala

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