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Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

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completa de (<strong>um</strong> segmento de) <strong>um</strong>a experiência.<br />

Poderíamos perguntar: o <strong>que</strong> poderia ser posto para<br />

funcionar de maneira a reconstituir <strong>um</strong>a experiência?<br />

Seria algo semelhante a <strong>um</strong> filme ou disco, roda<strong>do</strong> no<br />

projetor ou toca-discos <strong>do</strong> c<strong>é</strong>rebro? Ou algo análogo,<br />

mas logicamente anterior—como <strong>um</strong> script ou <strong>um</strong>a<br />

partitura? Qual será a forma final, a forma natural, <strong>do</strong><br />

repertório de nossa vida? O repertório <strong>que</strong> fornece não<br />

apenas a ”memória” e a ”reminiscência”, mas nossa<br />

imaginação em to<strong>do</strong>s os níveis, das simples imagens<br />

sensoriais e motoras aos mais complexos mun<strong>do</strong>s,<br />

paisagens, cenas imaginativas? Um repertório, <strong>um</strong>a<br />

memória, <strong>um</strong>a imaginação de <strong>um</strong>a vida <strong>que</strong> <strong>é</strong><br />

essencialmente pessoal, dramática e ”icônica”.<br />

A ocorrência de reminiscência em nossos pacientes<br />

traz à luz <strong>que</strong>stões fundamentais a respeito da<br />

natureza da memória (ou mnesis) - e tais <strong>que</strong>stões<br />

tamb<strong>é</strong>m são suscitadas, inversamente, em nossas<br />

histórias sobre amn<strong>é</strong>sia ou amnesis (”O marinheiro<br />

perdi<strong>do</strong>” e ”Uma <strong>que</strong>stão de identidade”, capítulos 2 e<br />

12). Questões análogas sobre a natureza <strong>do</strong><br />

conhecimento (ou gnosis) são levantadas com base em<br />

nossos pacientes com agnosias — a dramática agnosia<br />

visual <strong>do</strong> dr. P. (”O homem <strong>que</strong> confundiu sua mulher<br />

com <strong>um</strong> chap<strong>é</strong>u”) e as agnosias auditiva e musical da<br />

sra. O’M. e Emily D. (capítulo 9, ”O discurso <strong>do</strong><br />

Presidente”). E <strong>que</strong>stões semelhantes acerca da<br />

natureza da ação (ou práxis) nascem da confusão<br />

motora, ou apraxia, de certos retarda<strong>do</strong>s e de pacientes<br />

com apraxias <strong>do</strong> lobo frontal — as quais às vezes são<br />

tão graves <strong>que</strong> esses pacientes podem tornar-se<br />

incapazes de andar, perder suas ”melodias cin<strong>é</strong>ticas”,<br />

as melodias <strong>do</strong> andar (isso acontece tamb<strong>é</strong>m com<br />

pacientes parkinsonianos, como foi descrito em Tempo<br />

de despertar).<br />

Assim como a sra. O’C. e a sra. O’M. apresentavam<br />

”reminiscência”, <strong>um</strong>a irrupção convulsiva de melodias e<br />

cenas — <strong>um</strong>a esp<strong>é</strong>cie de hipermnese e hipergnose —,

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