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Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

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sobre o assunto, e na verdade desconhecen<strong>do</strong> <strong>que</strong><br />

havia <strong>um</strong>a vasta literatura (ver, por exemplo, as 52<br />

referências em Lewis Hill, 1974). Só vim a ter <strong>um</strong>a vaga<br />

noção dessa literatura, muitas vezes desconcertante e<br />

intrigante, depois da primeira publicação de ”Os<br />

gêmeos”, quan<strong>do</strong> me chegou <strong>um</strong>a avalanche de cartas<br />

e separatas.<br />

Minha atenção foi atraída em especial por <strong>um</strong><br />

primoroso e pormenoriza<strong>do</strong> estu<strong>do</strong> de caso de David<br />

Viscott (1970). Há muitas semelhanças entre Martin e<br />

Harriet G., a paciente <strong>do</strong> dr. Viscott. Em ambos os<br />

casos, estavam presentes capacidades extraordinárias<br />

— <strong>que</strong> ora eram usadas de <strong>um</strong> mo<strong>do</strong> ”acêntrico”,<br />

negan<strong>do</strong> a vida, ora<br />

213<br />

de <strong>um</strong> mo<strong>do</strong> criativo, afirman<strong>do</strong> a vida; por exemplo,<br />

depois de seu pai ter li<strong>do</strong> para ela as três primeiras<br />

páginas da Lista Telefônica de Boston, Harriet reteve<br />

tu<strong>do</strong> na memória (”e por muitos anos foi capaz de<br />

informar qual<strong>que</strong>r número constante da<strong>que</strong>las páginas<br />

se solicita<strong>do</strong>”); por<strong>é</strong>m, de <strong>um</strong> mo<strong>do</strong> totalmente<br />

diferente, e espantosamente criativo, ela podia compor<br />

e improvisar no estilo de qual<strong>que</strong>r compositor.<br />

Está claro <strong>que</strong> ambos — assim como os gêmeos (ver<br />

capítulo seguinte) — podiam ser impeli<strong>do</strong>s, ou atraí<strong>do</strong>s,<br />

para o tipo de façanhas mecânicas consideradas típicas<br />

de ”sábios idiotas”, façanhas ao mesmo tempo<br />

prodigiosas e sem senti<strong>do</strong>; mas igualmente está claro<br />

<strong>que</strong> ambos (assim como os gêmeos), quan<strong>do</strong> não eram<br />

impeli<strong>do</strong>s ou atraí<strong>do</strong>s dessa maneira, tamb<strong>é</strong>m<br />

demonstravam <strong>um</strong>a busca coerente da beleza e da<br />

ordem. Embora Martin possua <strong>um</strong>a espantosa memória<br />

para fatos aleatórios, sem senti<strong>do</strong>, seu verdadeiro<br />

prazer emana da ordem e coerência, seja com a ordem<br />

musical e espiritual de <strong>um</strong>a cantata, seja com a ordem<br />

enciclop<strong>é</strong>dica <strong>do</strong> Dicionário Grove de Música. Tanto<br />

Bach como o Grove comunicam <strong>um</strong> mun<strong>do</strong>. De fato,<br />

Martin não tem mun<strong>do</strong> alg<strong>um</strong> al<strong>é</strong>m da música —como

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