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Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

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Escuridão Universal tu<strong>do</strong> sepulta.<br />

139<br />

14<br />

A POSSUÍDA<br />

Em ”Witty ticcy Ray” (capítulo 10) descrevi <strong>um</strong>a<br />

forma relativamente branda de síndrome de Tourette,<br />

indican<strong>do</strong>, por<strong>é</strong>m, <strong>que</strong> existiam formas mais graves,<br />

”terrivelmente grotescas e violentas”. Afirmei <strong>que</strong><br />

alg<strong>um</strong>as pessoas conseguiam acomodar a síndrome de<br />

Tourette em <strong>um</strong>a personalidade adaptável, ao passo<br />

<strong>que</strong> outras ”podiam de fato ser ’possuídas’ e<br />

praticamente não conseguir alcançar <strong>um</strong>a identidade<br />

real em meio à tremenda pressão e caos <strong>do</strong>s impulsos<br />

da síndrome”.<br />

O próprio Tourette e muitos <strong>do</strong>s clínicos mais antigos<br />

reconheciam <strong>um</strong>a forma maligna da síndrome de<br />

Tourette, capaz de desintegrar a personalidade e levar<br />

a formas de ”psicose” ou frenesi bizarras,<br />

fantasmagóricas, pantomímicas e muitas vezes<br />

imitativas. Essa forma da síndrome de Tourette -<br />

”super-Tourette” — <strong>é</strong> raríssima, talvez cinqüenta vezes<br />

mais rara <strong>do</strong> <strong>que</strong> a síndrome de Tourette com<strong>um</strong>, e<br />

pode ser qualitativamente diferente, al<strong>é</strong>m de muito<br />

mais intensa <strong>do</strong> <strong>que</strong> qual<strong>que</strong>r <strong>um</strong>a das formas comuns<br />

<strong>do</strong> distúrbio. Essa ”psicose de Tourette”, esse singular<br />

frenesi de identidade, difere muito da psicose ordinária<br />

devi<strong>do</strong> à sua fisiologia e fenomenologia básicas<br />

singulares. Não obstante, ela tem afinidades, por <strong>um</strong><br />

la<strong>do</strong>, com as fren<strong>é</strong>ticas psicoses motoras induzidas<br />

ocasionalmente pela levo<strong>do</strong>pa e, por outro, com os<br />

frenesis fabulatórios da psicose de Korsakov (ver<br />

capítulo 12 deste <strong>livro</strong>). E, como estes, pode quase<br />

arrasar a pessoa.<br />

No dia em <strong>que</strong> atendi Ray, meu primeiro paciente<br />

com síndrome de Tourette, meus olhos e minha mente

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