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Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

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saí<strong>do</strong> <strong>do</strong> hospital — sua síndrome de Korsakov<br />

explodira apenas três semanas antes, quan<strong>do</strong> ele<br />

apresentou febre alta, delirou e deixou de reconhecer<br />

toda a sua família —, estava ainda em ebulição, ainda<br />

em <strong>um</strong> delírio fabulatório quase fren<strong>é</strong>tico (<strong>do</strong> tipo às<br />

vezes denomina<strong>do</strong> ”psicose de Korsakov”, embora na<br />

verdade não se trate absolutamente de psicose),<br />

crian<strong>do</strong> continuamente <strong>um</strong> mun<strong>do</strong> e <strong>um</strong> eu para<br />

substituir o <strong>que</strong> era continuamente es<strong>que</strong>ci<strong>do</strong> e<br />

perdi<strong>do</strong>. Um frenesi como esse pode trazer à luz<br />

brilhantes capacidades de invenção e fantasia — <strong>um</strong><br />

verdadeiro gênio fabulatório —pois <strong>um</strong> paciente desses<br />

precisa praticamente inventar a si mesmo (e a seu<br />

mun<strong>do</strong>) a cada momento. Cada <strong>um</strong> de nós tem <strong>um</strong>a<br />

história de vida, <strong>um</strong>a narrativa íntima—cuja<br />

continuidade, cujo senti<strong>do</strong> <strong>é</strong> nossa vida. Pode-se dizer<br />

<strong>que</strong> cada pessoa constrói e vive <strong>um</strong>a ”narrativa” e <strong>que</strong><br />

a narrativa <strong>é</strong> a pessoa, sua identidade.<br />

NR<br />

Uma história bem semelhante foi relatada por Luria em<br />

The neuropsychology of memory (1976) o motorista de<br />

táxi. fascina<strong>do</strong>, só foi perceber <strong>que</strong> seu estranho<br />

passageiro estava <strong>do</strong>ente quan<strong>do</strong> este lhe pagou a<br />

corrida com <strong>um</strong>a tabela de temperaturas <strong>que</strong> tinha na<br />

mão. Só então o motorista se deu conta de <strong>que</strong> a<strong>que</strong>la<br />

Xerazade, a<strong>que</strong>le conta<strong>do</strong>r de mil e <strong>um</strong>a historias, era<br />

”<strong>um</strong> <strong>do</strong>s passageiros estranhos <strong>do</strong> Instituto<br />

Neurológico”.<br />

Fim de NR<br />

129<br />

Se desejamos saber a respeito de <strong>um</strong> homem,<br />

perguntamos ”qual <strong>é</strong> sua história — sua história real,<br />

mais íntima?”, pois cada <strong>um</strong> de nós <strong>é</strong> <strong>um</strong>a biografia,<br />

<strong>um</strong>a história. Cada <strong>um</strong> de nós <strong>é</strong> <strong>um</strong>a narrativa singular<br />

<strong>que</strong>, de <strong>um</strong> mo<strong>do</strong> contínuo, inconsciente, <strong>é</strong> construída<br />

por nós, por meio de nós e em nós—por meio de nossas<br />

percepções, sentimentos, pensamentos, ações e, não

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