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Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

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possível objeção a tal distinção<br />

Algu<strong>é</strong>m poderia contestar o fato de <strong>que</strong> to<strong>do</strong>s os<br />

cálculos são não icônicos alegan<strong>do</strong> <strong>que</strong>, quan<strong>do</strong> a<br />

pessoa calcula, as vezes o faz visualizan<strong>do</strong> o calculo em<br />

<strong>um</strong>a pagina. Mas isso não constitui <strong>um</strong> contra exemplo.<br />

Pois o <strong>que</strong> esta representa<strong>do</strong> em tais casos não <strong>é</strong> o<br />

cálculo em si, mas <strong>um</strong>a representação <strong>do</strong> mesmo, os<br />

números e <strong>que</strong> são calcula<strong>do</strong>s, mas o <strong>que</strong> se visualiza<br />

são os n<strong>um</strong>erais, <strong>que</strong> representam números<br />

Leibmz, por outro la<strong>do</strong>, apresentou <strong>um</strong>a instigante<br />

analogia entre números e música ”O prazer <strong>que</strong><br />

obtemos da música vem de contar, mas contar<br />

inconscientemente A música nada mais <strong>é</strong> <strong>do</strong> <strong>que</strong><br />

aritm<strong>é</strong>tica inconsciente”<br />

At<strong>é</strong> onde podemos apurar, qual <strong>é</strong> a situação <strong>do</strong>s<br />

gêmeos, e talvez de outros? O compositor Ernst Toch —<br />

contou-me seu neto, Lawrence Weschler — conseguia<br />

prontamente reter na memória, depois de ouvir <strong>um</strong>a<br />

única vez, <strong>um</strong>a s<strong>é</strong>rie muito longa de números, mas<br />

fazia isso ”converten<strong>do</strong>” a s<strong>é</strong>rie de números em <strong>um</strong>a<br />

melodia<br />

226<br />

(<strong>que</strong> ele próprio criava, ”corresponden<strong>do</strong>” aos<br />

números). Jedediah Buxton, calcula<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s menos<br />

elegantes, mas <strong>do</strong>s mais tenazes de to<strong>do</strong>s os tempos,<br />

<strong>que</strong> tinha <strong>um</strong>a grande, at<strong>é</strong> mesmo patológica, paixão<br />

por cálculos e cômputos (ele ficava, em suas próprias<br />

palavras, ”bêba<strong>do</strong> de contar”), ”convertia” música e<br />

drama em números. Segun<strong>do</strong> <strong>um</strong> relato contemporâneo<br />

sobre ele, escrito em 1754: ”Durante a dança, ele<br />

fixava a atenção no número de passos; depois de <strong>um</strong><br />

belo trecho musical, declarava <strong>que</strong> os inúmeros sons<br />

produzi<strong>do</strong>s pela música o haviam deixa<strong>do</strong> imensamente<br />

perplexo, e ia at<strong>é</strong> mesmo assistir às peças <strong>do</strong> sr.<br />

Garrick só para contar as palavras <strong>que</strong> este proferia, no<br />

<strong>que</strong> afirmava ter pleno êxito”.

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