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Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

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operações) — muitas vezes irritante para o professor e<br />

para o aluno, ”antinatural” e difícil de aprender—e<br />

tamb<strong>é</strong>m <strong>um</strong>a aritm<strong>é</strong>tica íntima <strong>do</strong> tipo descrito por<br />

Gauss, <strong>que</strong> pode ser verdadeiramente inata ao c<strong>é</strong>rebro,<br />

tão inata quanto a gramática sintática e gerativa<br />

”íntima” de Chomsky. Uma aritm<strong>é</strong>tica dessas, em<br />

mentes como as <strong>do</strong>s gêmeos, poderia ser dinâmica e<br />

quase viva — aglomera<strong>do</strong>s globulares e nebulosas<br />

233<br />

de números turbilhonan<strong>do</strong> e evoluin<strong>do</strong> em <strong>um</strong> c<strong>é</strong>u<br />

mental sempre em expansão.<br />

Como já mencionei, depois da publicação de ”Os<br />

gêmeos” recebi <strong>um</strong>a vasta correspondência, tanto<br />

pessoal como científica. Alg<strong>um</strong>as cartas tratavam <strong>do</strong>s<br />

temas específicos de ”ver” ou apreender números,<br />

outras <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> ou importância <strong>que</strong> pode haver nesse<br />

fenômeno, outras ainda <strong>do</strong> caráter geral de inclinações<br />

e sensibilidades autistas e como elas podem ser<br />

incentivadas ou inibidas, e finalmente outras da<br />

<strong>que</strong>stão <strong>do</strong>s gêmeos idênticos. Especialmente<br />

interessantes foram as cartas de pais de crianças desse<br />

tipo, as mais raras e notáveis provenientes de pais <strong>que</strong><br />

tinham si<strong>do</strong>, eles próprios, força<strong>do</strong>s a refletir e<br />

pesquisar e <strong>que</strong> haviam consegui<strong>do</strong> combinar o mais<br />

profun<strong>do</strong> sentimento e envolvimento com <strong>um</strong>a<br />

acentuada objetividade. Nessa categoria estavam os<br />

Park, pais muito inteligentes de <strong>um</strong>a criança muito<br />

talentosa, por<strong>é</strong>m autista (ver C. C. Park, 1967, e D.<br />

Park, 1974, pp. 313-23). A filha <strong>do</strong>s Park, ”Ella”, era<br />

<strong>um</strong>a exímia desenhista e tamb<strong>é</strong>m muito habili<strong>do</strong>sa com<br />

números, especialmente quan<strong>do</strong> bem pe<strong>que</strong>na. Ella<br />

fascinava-se com a ”ordem” <strong>do</strong>s números,<br />

especialmente os primos. Esse sentimento singular<br />

pelos números primos evidentemente não <strong>é</strong> raro. C. C.<br />

Park escreveu-me sobre <strong>um</strong>a outra criança autista <strong>que</strong><br />

ela conhecia, a qual enchia folhas de papel com<br />

números escritos ”compulsivamente”. To<strong>do</strong>s eram<br />

primos, observou ela, e acrescentou: ”São janelas para

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