Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa
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Há <strong>um</strong>a coisa, <strong>um</strong> p<strong>é</strong> fantasma, <strong>que</strong> às vezes dói<br />
como o diabo, e os de<strong>do</strong>s se <strong>do</strong>bram para cima ou têm<br />
espasmos. Piora durante a noite ou quan<strong>do</strong> estou sem<br />
prótese, ou ainda quan<strong>do</strong> não estou fazen<strong>do</strong> nada.<br />
Some quan<strong>do</strong> coloco a prótese e an<strong>do</strong>. Então sinto a<br />
perna, vividamente, mas <strong>é</strong> <strong>um</strong> fantasma bom, diferente<br />
— ele anima a prótese e me permite andar.<br />
Para este paciente, para to<strong>do</strong>s os pacientes, não<br />
seria o uso da maior importância para dispersar <strong>um</strong><br />
fantasma ”mau” (ou passivo, ou patológico), se ele<br />
existir, e para manter o fantasma ”bom” — ou seja, a<br />
persistente lembrança ou imagem pessoal <strong>do</strong> membro<br />
perdi<strong>do</strong> — vivo, ativo e bem, como eles necessitam?<br />
PÓS-ESCRITO<br />
Muitos <strong>do</strong>s pacientes com fantasmas (mas não to<strong>do</strong>s)<br />
sentem ”<strong>do</strong>r no fantasma”. Essa <strong>do</strong>r às vezes tem <strong>um</strong><br />
caráter bizarro, mas com freqüência <strong>é</strong> <strong>um</strong>a <strong>do</strong>r muito<br />
”com<strong>um</strong>”, a persistência de <strong>um</strong>a <strong>do</strong>r previamente<br />
presente no membro ou o acesso de <strong>um</strong>a <strong>do</strong>r <strong>que</strong><br />
Poderia ser espera<strong>do</strong> caso o membro realmente<br />
estivesse presente. Desde a primeira publicação deste<br />
<strong>livro</strong>, tenho recebi<strong>do</strong> muitas cartas fascinantes de<br />
pacientes sobre esse assunto; <strong>um</strong> deles relata o<br />
Acomo<strong>do</strong> de <strong>um</strong>a unha encravada <strong>que</strong> não fora<br />
”tratada” antes da amputação, persistin<strong>do</strong> por anos<br />
após a retirada <strong>do</strong> membro; mas<br />
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descreve tamb<strong>é</strong>m <strong>um</strong>a <strong>do</strong>r muito diferente — <strong>um</strong>a<br />
excruciante de na raiz <strong>do</strong> nervo, ou ”ciática”, no<br />
fantasma — em seguida a <strong>um</strong> ”deslocamento de disco”,<br />
e o desaparecimento da <strong>do</strong>r com a remoção <strong>do</strong> disco e a<br />
fusão espinhal. Tais problemas, <strong>que</strong> não são nada<br />
raros, em nenh<strong>um</strong> senti<strong>do</strong> são ”imaginários”, e podem<br />
de fato ser investiga<strong>do</strong>s por m<strong>é</strong>to<strong>do</strong>s neurofisiológicos.<br />
Por exemplo, o dr. Jonathan Cole, meu ex-aluno e<br />
atualmente <strong>um</strong> neurofisiologista da coluna, relatou