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Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

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às vezes poder voltar a ser cachorro!”.<br />

Freud escreveu em várias ocasiões <strong>que</strong> o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

olfato no homem era <strong>um</strong>a ”perda”, reprimi<strong>do</strong> no<br />

crescimento e na civilização quan<strong>do</strong> o homem ass<strong>um</strong>iu<br />

a postura ereta e reprimiu a sexualidade primitiva, pr<strong>é</strong>genital.<br />

De fato, intensificações específicas (e<br />

patológicas) <strong>do</strong> olfato foram registradas na parafilia,<br />

fetichismo e perversões e regressões afins.* Mas a<br />

desinibição aqui descrita parece mais geral e, embora<br />

associada a excitação — provavelmente <strong>um</strong>a excitação<br />

<strong>do</strong>pamin<strong>é</strong>rgica induzida por anfetamina —, não era<br />

especificamente sexual nem associada a regressão<br />

sexual. Hiperosmia semelhante, às vezes paroxísmica,<br />

pode ocorrer em esta<strong>do</strong>s excita<strong>do</strong>s<br />

hiper<strong>do</strong>pamin<strong>é</strong>rgicos, como no caso de alguns pósencefalíticos<br />

trata<strong>do</strong>s com levo<strong>do</strong>pa e alguns pacientes<br />

com síndrome de Tourette.<br />

O <strong>que</strong> vemos <strong>é</strong>, no mínimo, a universalidade da<br />

inibição, mesmo no nível perceptivo mais elementar: a<br />

necessidade de inibir o <strong>que</strong> Head denominava<br />

”protopático”, considera<strong>do</strong> primordial e repleto de tom<br />

<strong>do</strong> sentimento, a fim de permitir a emergência <strong>do</strong><br />

”epicrítico”, refina<strong>do</strong>, categorizante e sem tono<br />

emocional.<br />

NR<br />

* Isso foi bem descrito por A. A. Brill (1932), <strong>que</strong><br />

apontou os contrastes como brilho, a re<strong>do</strong>lência geral<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s cheiros em animais macrosmáticos<br />

(como os cães), ”selvagens” e crianças.<br />

Fim NR<br />

178<br />

A necessidade dessa inibição não pode ser reduzida<br />

ao freudiano, nem sua redução pode ser exaltada,<br />

romantizada como blakeana. Talvez precisemos dela,<br />

como Head dá a entender, para <strong>que</strong> possamos ser<br />

homens e não cães.* Entretanto, a experiência de

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