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Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

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são capazes de compreendê-los. São, antes, serenos<br />

contempla<strong>do</strong>res <strong>do</strong> número — e lidam com os números<br />

com <strong>um</strong> senso de reverência e pasmo. Os números,<br />

para eles, são sagra<strong>do</strong>s, repletos de significação. Essa <strong>é</strong><br />

a sua maneira — como a música <strong>é</strong> a maneira de Martin<br />

— de entender o primeiro compositor.<br />

Mas os números não são apenas impressionantes<br />

para eles, são tamb<strong>é</strong>m amigos — talvez os únicos<br />

amigos <strong>que</strong> eles já tiveram em sua vida isolada de<br />

autistas. Esse <strong>é</strong> <strong>um</strong> sentimento muito com<strong>um</strong> nas<br />

pessoas <strong>que</strong> têm <strong>um</strong> <strong>do</strong>m para os números — e Steven<br />

Smith, embora considerasse o ”m<strong>é</strong>to<strong>do</strong>” o mais<br />

importante, fornece muitos exemplos fascinantes disso:<br />

George Parker Bidder, <strong>que</strong> escreveu sobre sua primeira<br />

infância n<strong>um</strong><strong>é</strong>rica: ”Adquiri total familiaridade com os<br />

números at<strong>é</strong> cem; eles se tornaram, por assim dizer,<br />

meus amigos, e eu conhecia to<strong>do</strong>s os parentes e<br />

conheci<strong>do</strong>s”; ou o contemporâneo Shyam Marathe, da<br />

índia: ”Quan<strong>do</strong> digo <strong>que</strong> os números são meus amigos,<br />

<strong>que</strong>ro dizer <strong>que</strong> em alg<strong>um</strong>a <strong>é</strong>poca passada lidei com<br />

a<strong>que</strong>le número específico de várias maneiras e, em<br />

muitas<br />

229<br />

ocasiões, descobri novas e fascinantes qualidades nele<br />

ocultas [...] Assim, se em <strong>um</strong> cálculo deparo com <strong>um</strong><br />

número conheci<strong>do</strong>, imediatamente o vejo como <strong>um</strong><br />

amigo”.<br />

Hermann von Helmholtz, discorren<strong>do</strong> sobre a<br />

percepção musical, afirma <strong>que</strong>, embora tons compostos<br />

possam ser analisa<strong>do</strong>s e dividi<strong>do</strong>s em seus<br />

componentes, eles são normalmente ouvi<strong>do</strong>s como<br />

qualidades, qualidades únicas de tom, to<strong>do</strong>s<br />

indivisíveis. Ele fala, nesse senti<strong>do</strong>, de <strong>um</strong>a ”percepção<br />

sint<strong>é</strong>tica” <strong>que</strong> transcende a análise e <strong>é</strong> a essência,<br />

impossível de analisar, de to<strong>do</strong> senso musical. Compara<br />

esses tons a rostos, e reflete <strong>que</strong> podemos reconhecêlos<br />

mais ou menos da mesma maneira pessoal. Em<br />

s<strong>um</strong>a, parece sugerir <strong>que</strong> os tons musicais, e

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