19.04.2013 Views

Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

com música e dança — subitamente, com a música, eles<br />

sabem como se movimentar. Vemos <strong>que</strong> os retarda<strong>do</strong>s,<br />

incapazes de realizar tarefas muito simples compostas<br />

talvez de quatro ou cinco movimentos ou<br />

procedimentos em seqüência, conseguem executá-las<br />

perfeitamente se trabalharem com música — a<br />

seqüência de movimentos <strong>que</strong> eles não conseguem<br />

manter como es<strong>que</strong>mas torna-se perfeitamente<br />

possível de ser mantida com música, ou seja, embutida<br />

na música. O mesmo pode ser observa<strong>do</strong>,<br />

notavelmente, em pacientes com graves danos no lobo<br />

frontal e apraxia — <strong>um</strong>a incapacidade para fazer, para<br />

reter as seqüências e programas motores mais simples,<br />

at<strong>é</strong> mesmo para andar, apesar de a inteligência estar<br />

totalmente preservada em outros aspectos. Essa<br />

deficiência nos procedimentos, ou idiotia motora, como<br />

a poderíamos chamar, <strong>que</strong> absolutamente não reage a<br />

nenh<strong>um</strong> sistema usual de instrução reabilita<strong>do</strong>ra,<br />

desaparece de imediato quan<strong>do</strong> a música <strong>é</strong> o instrutor.<br />

Tu<strong>do</strong> isso, sem dúvida, <strong>é</strong> o fundamento lógico, ou <strong>um</strong><br />

<strong>do</strong>s fundamentos lógicos, das canções de trabalho.<br />

O <strong>que</strong> vemos, fundamentalmente, <strong>é</strong> o poder da<br />

música para organizar — e de mo<strong>do</strong> eficaz (al<strong>é</strong>m de<br />

prazeroso!) — quan<strong>do</strong> formas de organização abstratas<br />

ou es<strong>que</strong>máticas falham. De fato, esse poder <strong>é</strong><br />

especialmente notável, como se poderia esperar,<br />

precisamente quan<strong>do</strong> nenh<strong>um</strong>a outra forma de<br />

organização funciona. Portanto, a música, ou qual<strong>que</strong>r<br />

outra forma de narrativa, <strong>é</strong> essencial no trabalho com<br />

deficientes mentais ou apráxicos — o ensino ou a<br />

terapia, para eles, deve ter por base a música ou algo<br />

equivalente. E no drama há mais ainda: há o poder <strong>do</strong><br />

papel para possibilitar organização, para proporcionar,<br />

enquanto ele dura, toda <strong>um</strong>a personalidade. A<br />

capacidade de representar, de ser, parece ser <strong>um</strong><br />

”da<strong>do</strong>” na vida h<strong>um</strong>ana, de <strong>um</strong> mo<strong>do</strong> <strong>que</strong> não tem<br />

ligação alg<strong>um</strong>a com diferenças intelectuais.<br />

Observamos isso em bebês, em pessoas senis e, mais

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!