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Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

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verdade—valores, atribuições de valor nada têm a ver<br />

com a etiologia).<br />

To<strong>do</strong>s os transportes descritos nesta seção têm<br />

realmente determinantes orgânicos mais ou menos<br />

claros (embora isso não fosse evidente a princípio,<br />

re<strong>que</strong>ren<strong>do</strong> <strong>um</strong>a investigação minuciosa para sua<br />

comprovação). Esse fato em nada diminui sua<br />

importância psicológica ou espiritual. Se Deus, ou a<br />

ordem eterna, revelou-se a Dostoievski em ata<strong>que</strong>s,<br />

por<strong>que</strong> outros distúrbios orgânicos não serviriam de<br />

”portais” para o al<strong>é</strong>m ou desconheci<strong>do</strong>? Em certo<br />

senti<strong>do</strong>, esta seção <strong>é</strong> <strong>um</strong> estu<strong>do</strong> desses portais.<br />

Hughlings Jackson, em 1880, empregou o termo<br />

geral ”reminiscência” ao descrever esses ”transportes”,<br />

”portais” ou ”esta<strong>do</strong>s oníricos” <strong>que</strong> ocorrem em certas<br />

epilepsias. Em suas palavras:<br />

149<br />

Eu jamais diagnosticaria epilepsia em razão de <strong>um</strong>a<br />

ocorrência paroxísmica de ”reminiscência”, na ausência<br />

de outros sintomas, embora viesse a suspeitar de<br />

epilepsia se esse esta<strong>do</strong> mental super-positivo<br />

começasse a ocorrer com grande freqüência [...] Nunca<br />

me consultaram apenas devi<strong>do</strong> a ”reminiscência” [...]<br />

Mas eu já fui procura<strong>do</strong> por esse motivo; por<br />

reminiscência forçada ou paroxísmica de melodias,<br />

”visões”, ”presenças” ou cenas — não só na epilepsia,<br />

mas em diversos outros distúrbios orgânicos. Esses<br />

transportes ou reminiscências não são raros na<br />

enxa<strong>que</strong>ca (ver ”As visões de Hildegarda”, capítulo 20).<br />

Essa sensação de ”voltar” tenha ela origem epil<strong>é</strong>ptica<br />

ou tóxica, permeia ”Travessia para a índia” (capítulo<br />

17). Uma base patentemente tóxica ou química<br />

fundamenta ”Nostalgia incontinente” (capítulo 16) e a<br />

estranha hiperosmia descrita no capítulo 18, ”O cão sob<br />

a pele”. Atividade convulsiva ou desinibição <strong>do</strong> lobo<br />

frontal determina a me<strong>do</strong>nha ”reminiscência” de<br />

”Assassinato” (capítulo 19).<br />

O tema desta seção <strong>é</strong> o poder das imagens mentais e

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