19.04.2013 Views

Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ordem natural das coisas, a concretude com freqüência<br />

<strong>é</strong> vista pelos <strong>neurologista</strong>s como algo deplorável,<br />

indigno de consideração, incoerente, regressivo. Por<br />

exemplo, para Kurt Goldstein, o maior sistematiza<strong>do</strong>r<br />

de sua geração, a mente, glória <strong>do</strong> homem, reside<br />

inteiramente no abstrato e categórico, e o efeito <strong>do</strong><br />

dano cerebral, de to<strong>do</strong> e qual<strong>que</strong>r dano cerebral, <strong>é</strong><br />

expulsar o indivíduo desse reino sublime, lançan<strong>do</strong>-o<br />

aos pântanos quase sub<strong>um</strong>anos <strong>do</strong> concreto. Se <strong>um</strong><br />

homem perde a ”atitude abstrato-categórica”<br />

(Goldstein), ou o ”pensamento preposicional”<br />

(Hughlings Jackson), o <strong>que</strong> resta <strong>é</strong> sub<strong>um</strong>ano, sem<br />

importância ou interesse.<br />

NR<br />

* To<strong>do</strong> o trabalho inicial de Luria foi realiza<strong>do</strong> nessas<br />

três áreas afins, seu trabalho de campo com crianças<br />

em comunidades primitivas da Ásia central e seus<br />

estu<strong>do</strong>s no Instituto de Defectologia. Juntos, esses três<br />

campos lançaram-no em sua eterna exploração da<br />

imaginação h<strong>um</strong>ana.<br />

Fim de NR<br />

195<br />

Chamo isso de inversão por<strong>que</strong> o concreto <strong>é</strong><br />

elementar — <strong>é</strong> o <strong>que</strong> faz a realidade ”real”, viva,<br />

pessoal e significativa. Tu<strong>do</strong> isso perde-se quan<strong>do</strong> se<br />

perde o concreto — como vimos no caso <strong>do</strong> quase<br />

marciano dr. R, ”o homem <strong>que</strong> confundiu sua mulher<br />

com <strong>um</strong> chap<strong>é</strong>u”, <strong>que</strong> decaiu (de maneira não<br />

goldsteiniana) <strong>do</strong> concreto para o abstrato.<br />

Muito mais fácil de compreender, e absolutamente<br />

mais natural, <strong>é</strong> a id<strong>é</strong>ia da preservação <strong>do</strong> concreto no<br />

dano cerebral — não a regressão ao concreto, mas a<br />

preservação <strong>do</strong> mesmo, de mo<strong>do</strong> <strong>que</strong> a personalidade,<br />

identidade e h<strong>um</strong>anidade essenciais, o ser da criatura<br />

lesada, <strong>é</strong> preserva<strong>do</strong>.<br />

É isso <strong>que</strong> encontramos em Zazetsky, ”o homem com<br />

o mun<strong>do</strong> despedaça<strong>do</strong>”: ele permanece <strong>um</strong> homem,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!