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Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

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”Não há prescrições para <strong>um</strong> caso como esse” escreveu<br />

Luria. ”Faça o <strong>que</strong> sua perspicácia e seu coração<br />

sugerirem. Há pouca ou nenh<strong>um</strong>a esperança de<br />

recuperar sua memória. Mas <strong>um</strong> homem não consiste<br />

apenas em memória. Ele tem sentimento, vontade,<br />

sensibilidades, existência moral — aspectos sobre os<br />

quais a neuropsicologia não pode pronunciar-se. E <strong>é</strong> ali,<br />

al<strong>é</strong>m da esfera de <strong>um</strong>a psicologia impessoal, <strong>que</strong> você<br />

poderá encontrar mo<strong>do</strong>s de atingi-lo e mudá-lo. E as<br />

circunstâncias de seu trabalho permitem isso<br />

especialmente, pois você trabalha em <strong>um</strong> asilo, <strong>que</strong> <strong>é</strong><br />

como <strong>um</strong> pe<strong>que</strong>no mun<strong>do</strong>, muito diferente das clínicas<br />

e instituições onde trabalhamos. Em termos<br />

neuropsicológicos, há pouco ou nada <strong>que</strong> você possa<br />

fazer; mas no <strong>que</strong> respeita ao indivíduo talvez você<br />

possa fazer muito”.<br />

Luria mencionou <strong>que</strong> seu paciente Kur manifestava<br />

<strong>um</strong>a rara consciência de si mesmo, na qual a<br />

desesperança misturava-se a <strong>um</strong>a singular serenidade.<br />

”Não tenho recordação <strong>do</strong> presente”, ele dizia.<br />

NR<br />

* Ver A. R. Luria, The neuwpsychology of<br />

memory(1976),pp. 250-2.<br />

Fim NR<br />

50<br />

”Não sei o <strong>que</strong> acabei de fazer ou de onde acabo de vir<br />

[...]. Posso lembrar meu passa<strong>do</strong> muito bem, mas não<br />

tenho lembrança <strong>do</strong> presente”. Quan<strong>do</strong> lhe foi<br />

pergunta<strong>do</strong> se ele ja vira a pessoa <strong>que</strong> lhe aplicava os<br />

testes, ele respondeu: ”Não posso dizer <strong>que</strong> sim ou <strong>que</strong><br />

não, não posso afirmar nem negar já ter visto você”.<br />

Isso acontecia às vezes com Jimmie; e, como Kur, <strong>que</strong><br />

permaneceu vários meses no mesmo hospital, Jimmie<br />

começou a desenvolver <strong>um</strong> ”senso de familiaridade”;<br />

lentamente, aprendeu a deslocar-se pelo asilo — a<br />

localização <strong>do</strong> refeitório, de seu quarto, <strong>do</strong>s eleva<strong>do</strong>res,<br />

escadas — e, em certo senti<strong>do</strong>, reconhecia alguns

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