19.04.2013 Views

Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

permitidas à<strong>que</strong>les <strong>que</strong> possuem, ou recuperam, o<br />

verdadeiro passa<strong>do</strong>.<br />

PÓS-ESCRITO<br />

”Nunca me consultaram apenas devi<strong>do</strong> a<br />

’reminiscência’ [...]”, disse Hughlings Jackson; em<br />

contraste, Freud afirmou: ”A neurose <strong>é</strong> reminiscência”.<br />

Mas claramente o termo está sen<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> em<br />

senti<strong>do</strong>s absolutamente opostos — pois o objetivo da<br />

psicanálise, poderíamos dizer, <strong>é</strong> substituir<br />

”reminiscências” falsas ou fantásticas por <strong>um</strong>a<br />

verdadeira recordação, ou anamnese, <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> (e <strong>é</strong><br />

precisamente essa recordação verdadeira, seja trivial,<br />

seja profunda, <strong>que</strong> <strong>é</strong> evocada no decorrer de ata<strong>que</strong>s<br />

psíquicos). Freud, como sabemos, admirava muito<br />

Hughlings Jackson — mas não sabemos se este, <strong>que</strong><br />

viveu at<strong>é</strong> 1911, já teria ouvi<strong>do</strong> falar de Freud.<br />

A beleza de <strong>um</strong> caso como o da sra. O’C. está em <strong>que</strong><br />

ele <strong>é</strong> ao mesmo tempo ”jacksoniano” e ”freudiano”. Ela<br />

apresentava <strong>um</strong>a ”reminiscência” jacksoniana, mas<br />

esta serviu para dar-lhe <strong>um</strong> alicerce e curá-la, como<br />

<strong>um</strong>a ”anamnese” freudiana. Casos assim são excitantes<br />

e preciosos, pois atuam como <strong>um</strong>a ponte entre o físico<br />

e o pessoal, e mostrarão, se permitirmos, os r<strong>um</strong>os da<br />

neurologia <strong>do</strong> futuro, <strong>um</strong>a neurologia da experiência<br />

vivida. A meu ver, isso não teria surpreendi<strong>do</strong> ou<br />

indigna<strong>do</strong> Hughlings Jackson. De fato, <strong>é</strong> certamente o<br />

<strong>que</strong> ele próprio sonhou, quan<strong>do</strong> escreveu sobre<br />

”esta<strong>do</strong>s oníricos” e ”reminiscência” nos i<strong>do</strong>s de 1880.<br />

Penfield e Perot intitularam seu artigo ”The brain’s<br />

record of visual and auditory experience” [O registro<br />

cerebral da experiência visual e auditiva], e podemos<br />

agora refletir sobre a forma, ou formas, <strong>que</strong> esses<br />

”registros” internos podem ter. O <strong>que</strong> ocorre, nesses<br />

ata<strong>que</strong>s ”experimentais” absolutamente pessoais, <strong>é</strong> a<br />

reprodução<br />

165

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!