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Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

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parece familiar? Não acha <strong>que</strong> isso poderia conter,<br />

poderia servir em <strong>um</strong>a parte de seu corpo”?<br />

Nenh<strong>um</strong>a luz de reconhecimento despontou em seu<br />

rosto.<br />

Uma criança nunca teria a capacidade de falar em<br />

<strong>um</strong>a ”superfície contínua... envolta em si mesma”, mas<br />

qual<strong>que</strong>r criança, qual<strong>que</strong>r<br />

NR.<br />

Posteriormente, por acidente, ele a calçou, exclaman<strong>do</strong><br />

”Meu Deus, <strong>é</strong> <strong>um</strong>a luva’” Isso lembra o paciente Lanuti,<br />

de Kurt Goldstem, <strong>que</strong> só conseguia reconhecer os<br />

objetos dinamicamente tentan<strong>do</strong> usá-los. Fim NR<br />

29<br />

bebê reconheceria imediatamente <strong>um</strong>a luva como tal,<br />

como algo familiar, algo <strong>que</strong> dizia respeito à mão. O dr.<br />

P, não. Ele não via coisa alg<strong>um</strong>a como familiar.<br />

Visualmente, ele estava perdi<strong>do</strong> em <strong>um</strong> mun<strong>do</strong> de<br />

abstrações sem vida. De fato, ele não possuía <strong>um</strong><br />

verdadeiro mun<strong>do</strong> visual, assim como não possuía <strong>um</strong><br />

verdadeiro eu visual - Era capaz de falar sobre as<br />

coisas, mas não as via face a face. Hughlings Jackson,<br />

discorren<strong>do</strong> sobre pacientes com afasia e lesões no<br />

hemisf<strong>é</strong>rio es<strong>que</strong>r<strong>do</strong>, afirma <strong>que</strong> eles perderam o<br />

pensamento ”abstrato” e ”preposicional” — e os<br />

compara a cães (ou melhor, compara os cães aos<br />

pacientes com afasia). O dr. P, por sua vez, funcionava<br />

exatamente como <strong>um</strong>a máquina. Não só apresentan<strong>do</strong><br />

a mesma indiferença ao mun<strong>do</strong> visual existente em <strong>um</strong><br />

computa<strong>do</strong>r, mas ainda mais espantoso — construin<strong>do</strong><br />

o mun<strong>do</strong> como <strong>um</strong> computa<strong>do</strong>r o constrói, por meio de<br />

características essenciais e relações es<strong>que</strong>máticas. O<br />

es<strong>que</strong>ma podia ser identifica<strong>do</strong> - como <strong>que</strong> por <strong>um</strong> ”kit<br />

de identidade” — sem <strong>que</strong> a realidade fosse percebida.<br />

Os testes <strong>que</strong> eu fizera at<strong>é</strong> então nada me revelaram<br />

sobre o mun<strong>do</strong> interior <strong>do</strong> dr. P. Seria possível <strong>que</strong> sua<br />

memória e imaginação visual ainda estivessem<br />

intactas? Pedi-lhe <strong>que</strong> se imaginasse entran<strong>do</strong> em <strong>um</strong>a

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