19.04.2013 Views

Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Parte 3<br />

146<br />

TRANSPORTES<br />

147<br />

INTRODUÇÃO<br />

Embora tenhamos critica<strong>do</strong> o conceito de função, e<br />

at<strong>é</strong> mesmo tenta<strong>do</strong> <strong>um</strong>a redefinição radical, não<br />

obstante nos ativemos a ele, recorren<strong>do</strong> aos contrastes<br />

de termos mais gerais basea<strong>do</strong>s em ”d<strong>é</strong>ficit” ou<br />

”excesso”. Mas <strong>é</strong> evidente <strong>que</strong> outros termos bem<br />

diversos tamb<strong>é</strong>m têm de ser emprega<strong>do</strong>s. Quan<strong>do</strong><br />

consideramos os fenômenos como tais, a verdadeira<br />

qualidade da experiência, pensamento ou ação,<br />

precisamos usar termos <strong>que</strong> lembram mais <strong>um</strong> poema<br />

ou <strong>um</strong>a pintura. Como, digamos, <strong>um</strong> sonho pode ser<br />

inteligível em termos de função?<br />

Temos sempre <strong>do</strong>is universos de discurso — você<br />

pode chamá-los ”físico” e ”fenomênico”, ou como<br />

quiser —, <strong>um</strong> relativo às <strong>que</strong>stões de estrutura<br />

quantitativa e formal, o outro às qualidades <strong>que</strong><br />

constituem <strong>um</strong> ”mun<strong>do</strong>”. To<strong>do</strong>s nós temos nosso<br />

mun<strong>do</strong> mental próprio, distinto, nossas jornadas e<br />

paisagens íntimas, e estas, para a maioria de nós, não<br />

re<strong>que</strong>rem <strong>um</strong> ”correlato” neurológico. Em geral<br />

podemos contar a história de <strong>um</strong> homem, relatar<br />

passagens e cenas de sua vida sem introduzir<br />

considerações fisiológicas ou neurológicas na narrativa;<br />

tais considerações pareceriam, no mínimo, sup<strong>é</strong>rfluas,<br />

quan<strong>do</strong> não manifestamente absurdas ou insultantes.<br />

Pois nos consideramos, e com razão, ”livres” — pelo<br />

menos, determina<strong>do</strong>s pelas considerações h<strong>um</strong>anas e<br />

<strong>é</strong>ticas mais complexas em vez de pelas vicissitudes de<br />

nossas funções neurais ou sistema nervoso. Em geral,<br />

mas nem sempre: pois às vezes a vida de <strong>um</strong> homem

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!