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Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

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<strong>do</strong> córtex cerebral propensos a convulsão quan<strong>do</strong> o<br />

córtex ficou exposto, durante cirurgia, em pacientes<br />

totalmente conscientes. Essas estimulações<br />

provocavam de imediato alucinações intensamente<br />

vividas de melodias, pessoas, cenas, as quais eram<br />

sentidas, vivenciadas, como imperiosamente reais, a<br />

despeito <strong>do</strong> ambiente prosaico da sala de operação, e<br />

podiam ser descritas aos presentes com detalhes<br />

fascinantes, confirman<strong>do</strong> o <strong>que</strong> Jackson descrevera<br />

sessenta anos antes ao falar da característica<br />

”duplicação de consciência”:<br />

Existe (1) o esta<strong>do</strong> de consciência quase parasítico<br />

(esta<strong>do</strong> onírico) e (2) existem vestígios da consciência<br />

normal e, portanto, há <strong>um</strong>a dupla consciência [...] <strong>um</strong>a<br />

diplopia mental.<br />

Isso me foi expresso com precisão por duas<br />

pacientes; a sra. O’M. podia ver-me e ouvir-me, embora<br />

com certa dificuldade, atrav<strong>é</strong>s <strong>do</strong> ensurdece<strong>do</strong>r sonho<br />

de ”Easterparade”, ou <strong>do</strong> sonho mais tranqüilo, por<strong>é</strong>m<br />

mais intenso, de ”Good night, sweet Jesus” (<strong>que</strong><br />

evocava para ela a presença de <strong>um</strong>a igreja aonde ela ia,<br />

na 31” Street,<br />

156<br />

onde essa música sempre era cantada depois de <strong>um</strong>a<br />

novena). E a sra. O’C. tamb<strong>é</strong>m me via e ouvia atrav<strong>é</strong>s<br />

<strong>do</strong> ata<strong>que</strong> anamn<strong>é</strong>sico muito mais profun<strong>do</strong> de sua<br />

infância na Irlanda: ”Sei <strong>que</strong> o senhor está aí. <strong>do</strong>utor<br />

<strong>Sacks</strong>. Sei <strong>que</strong> sou <strong>um</strong>a velha com derrame n<strong>um</strong> asilo<br />

de i<strong>do</strong>sos, mas sinto <strong>que</strong> sou criança na Irlanda<br />

novamente — sinto os braços de minha mãe, eu a vejo,<br />

ouço sua voz cantan<strong>do</strong>”. Tais alucinações ou sonhos<br />

epil<strong>é</strong>pticos, Penfíeld demonstrou, nunca são fantasias:<br />

eles são sempre lembranças, e lembranças <strong>do</strong> tipo mais<br />

preciso e vivi<strong>do</strong>, acompanhadas pelas emoções <strong>que</strong><br />

ocorreram durante a experiência original. Seus<br />

detalhes extraordinários e consistentes, <strong>que</strong> eram<br />

evoca<strong>do</strong>s toda vez <strong>que</strong> o córtex era estimula<strong>do</strong> e<br />

excediam tu<strong>do</strong> o <strong>que</strong> pudesse ser recorda<strong>do</strong> pela

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