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Orelha do livro Oliver Sacks é um neurologista que reivindica ... - Stoa

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pode ser atravessada, transformada por <strong>um</strong> distúrbio<br />

orgânico; e, isso acontecen<strong>do</strong>, sua história irá re<strong>que</strong>rer<br />

<strong>um</strong> correlato fisiológico ou neurológico. Isso,<br />

obviamente, vale para to<strong>do</strong>s os pacientes aqui<br />

descritos.<br />

148<br />

Na primeira metade deste <strong>livro</strong>, descrevemos casos<br />

<strong>que</strong> são obviamente patológicos — situações nas quais<br />

existe alg<strong>um</strong> excesso ou d<strong>é</strong>ficit neurológico gritante.<br />

Mais ce<strong>do</strong> ou mais tarde, torna-se óbvio para esses<br />

pacientes ou seus familiares, tanto quanto para seus<br />

m<strong>é</strong>dicos, <strong>que</strong> ”alg<strong>um</strong>a coisa está (fisicamente) errada”.<br />

Seu mun<strong>do</strong> interior, sua ín<strong>do</strong>le podem realmente ser<br />

altera<strong>do</strong>s, transforma<strong>do</strong>s; por<strong>é</strong>m, como vai fican<strong>do</strong><br />

evidente, isso <strong>é</strong> devi<strong>do</strong> a alg<strong>um</strong>a grave (e quase<br />

quantitativa) alteração na função neural. Nesta terceira<br />

seção, a característica apresentada <strong>é</strong> a reminiscência, a<br />

percepção alterada, a imaginação, o ”sonho”. Tais<br />

assuntos não são com freqüência objeto das atenções<br />

de <strong>neurologista</strong>s e m<strong>é</strong>dicos. Esses ”transportes” —<br />

muitas vezes de <strong>um</strong>a intensidade pungente e<br />

combina<strong>do</strong>s a sentimentos e senti<strong>do</strong>s pessoais —<br />

tendem a ser considera<strong>do</strong>s psíquicos, como os sonhos:<br />

como <strong>um</strong>a manifestação, talvez, da atividade<br />

inconsciente ou pr<strong>é</strong>-consciente (ou, para os de<br />

inclinações místicas, de algo ”espiritual”), e não como<br />

algo ”m<strong>é</strong>dico”, e muito menos ”neurológico”. Eles têm<br />

<strong>um</strong> ”senso” intrinsecamente dramático, narrativo ou<br />

pessoal e, portanto, não tendem a ser vistos como<br />

”sintomas”. Na natureza <strong>do</strong>s transportes pode haver<br />

<strong>um</strong>a tendência maior a <strong>que</strong> sejam relata<strong>do</strong>s<br />

confidencialmente a psicanalistas ou confessores, a ser<br />

vistos como psicoses ou alardea<strong>do</strong>s como revelações<br />

religiosas em vez de ser leva<strong>do</strong>s ao m<strong>é</strong>dico. Pois nunca<br />

nos ocorre, de início, <strong>que</strong> <strong>um</strong>a visão possa ser<br />

”m<strong>é</strong>dica”; e, se houver suspeita ou certeza de <strong>um</strong>a<br />

origem orgânica, pode-se julgar <strong>que</strong> esta ”desvaloriza”<br />

a visão (embora, evidentemente, isso não seja

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