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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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<strong>CIN<strong>EM</strong>A</strong> BRASILEIRO <strong>EM</strong> 1953<br />

16.03.54<br />

Um pouco atrasado, fazemos hoje o balaço geral do que foi o cinema<br />

brasileiro em 1953. Embora este ano tenha servido de quadro para a maior crise<br />

por que passou o cinema paulista nos últimos anos, a qual culminou com a<br />

paralisação temporária dos trabalhos da Vera Cruz e posteriormente da<br />

Multifilmes e da Kino Filmes, em relação às fitas produzidas esse ano marcou<br />

um grande progresso.<br />

Naturalmente tanto sob o ponto de vista artístico quanto industrial, o<br />

cinema paulista dominou completamente o mercado nacional, e, em São Paulo,<br />

a Vera Cruz não encontrou nenhuma concorrente nas demais companhias.<br />

Tivemos desta produtora inicialmente “O cangaceiro”, um filme forte,<br />

vigoroso, que, não obstante suas falhas gritantes de ordem formal e ao seu<br />

discutível conteúdo documentarista, apaixonou o público pela sua novidade e<br />

pela presença de uma personalidade na figura de seu realizador. A esta seguiuse<br />

uma comédia muito bem concebida, “Uma pulga na balança”, prejudicada,<br />

no entanto, por um diretor sem muita segurança e por certos desequilíbrios na<br />

sua comicidade. “Sinhá Moça”, exibida no meio do ano constitui-se em uma<br />

superprodução bastante careta, que, se não revelou uma personalidade como a<br />

de Lima Barreto, não possuía também as falhas do seu filme. Rugero Jaccobbi<br />

realizou depois uma comediazinha inexpressiva, “A esquina da ilusão”, e<br />

finalmente, no fim do ano, Carlos Thiré nos surpreendeu com a película mais<br />

equilibrada, com o filme mais bem acabado de quantos vimos até hoje no<br />

cinema nacional, “Luz apagada”, um policial de fundo psicológico realizado<br />

com inteligência e bom gosto.<br />

Ainda em São Paulo tivemos uma outra surpresa com “O sacy”, de<br />

Rodolfo Nanni, filme infantil que teve de vencer um sem-número de<br />

dificuldades para ser feito, mas que mesmo assim conseguiu transmitir muito<br />

do espírito de Lobato, revelando um novo diretor do cinema nacional. Em São<br />

Paulo foram ainda produzidos e exibidos quatro filmes da Multifilmes, “O<br />

homem dos papagaios”, “O destino em apuros” (1º filme colorido), “O craque”<br />

e “Uma vida para dois”, todos eles inexpressivos. Pieralise compareceu com<br />

“A família Lero-Lero”, uma comédia fraquinha, resultado de uma co-produção<br />

entre a Vera Cruz e a Bandeirantes.<br />

Do Rio tivemos apenas uma fita razoável, “Amei um bicheiro”, filme<br />

policial dirigido por Jorge Ileli e Paulo Wanderley e produzido pela Atlântida,<br />

que se constituiu na melhor fita realizada por esta companhia até hoje, embora

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