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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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A OUTRA FACE DO HOM<strong>EM</strong><br />

21.12.54<br />

Brasil. 54. Direção e roteiro de J. B. Tanko. História de J. O. Loponte. Música de<br />

Lirio Panicalli. Fotografia de Giulio De Lucca. Elenco: Renato Restier, Eliana,<br />

Inalda, John Herbert, Carlos Tovar, Ludy Veloso, Jackson de Sousa, Sady Cabral,<br />

e outros. Produção da Atlântida. Dist.: UCB. Em exibição no Marabá e circuito.<br />

Cot.: Mau Caract.: Policial exagerado<br />

Com “A outra face do homem” evidencia-se mais uma vez a<br />

precariedade do cinema nacional. Esta é a realidade, que muitos procuram<br />

ocultar, só lembrando da crise econômica, seja por interesse próprio, seja por<br />

sentimento de nacionalismo. Produzida pela Atlantida, uma das maiores<br />

companhias nacionais, rodada nos estúdios da Multifilmes, e nitidamente<br />

ambiciosa em seus objetivos, esta película fracassou redondamente. J. B.<br />

Tanko, o realizador de “Areias ardentes”, confirmou plenamente sua<br />

incapacidade, embora certos críticos tenham descoberto “qualidades” nessa sua<br />

fita anterior.<br />

O filme é pretensioso. Como seu nome sugere, propõe-se ser a descrição<br />

da verdadeira personalidade de um homem comum, daquela personalidade que<br />

ele esconde sob a capa da mediocridade cotidiana de um funcionário há longos<br />

anos em uma mesma firma. O filme tem início com um locutor dizendo essas<br />

coisas. Mas a forma de resolver o problema já é bastante simplista. Tudo não<br />

passa de um sonho, que leva, a abandonar a esposa e os filhos, a abrir uma casa<br />

de jogo, a assassinar, roubar ,traficar com maconha.<br />

A história é de J. O. Loponte, e Tanko a adaptou. Sem qualidades<br />

especiais, não se pode dizer no entanto que se situem no roteiro os maiores<br />

defeitos da fita. O trabalho é relativamente limpo, embora demonstre ainda<br />

alguma insegurança e incapacidade criadora. Foi, porém, na direção, que Tanko<br />

pôs tudo a perder. Realizou um filme falso, ridículo, superficial. Já tinha uma<br />

história fraca e um roteiro infeliz. Na direção, deu ao filme o tom de,<br />

dramalhão e pieguismo. Absolutamente incapaz de qualquer aprofundamento<br />

psicológico, pretendeu ingenuamente superar essa falha através da<br />

dramaticidade, com caretas dos atores, cortes inesperados, montagem<br />

atabalhoada, primeiros planos lamentáveis. E o pior é que não podemos dizer<br />

que Tanko seja inseguro ou inexperiente. Pelo contrário, ele dirige com certa<br />

firmeza, que possivelmente impressionou algumas pessoas, mas que revela<br />

apenas que ele não progredirá mais.

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