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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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TRÊS HISTÓRIAS PROIBIDAS<br />

10.06.54<br />

(“Tre storie proibite”). Itália. 52. Direção de Augusto Genina. História de Mario<br />

Genina, Vitaliano Brancati. Roteiro dos mesmos e de vários outros cenaristas nas<br />

duas primeiras histórias. Roteiro de Sandro de Feo e Yvo Petrilli. Fotografia de G.<br />

R. Aldo. Música de Antonio Veretti. Elenco: Lia Amanda, Gabrielle Ferzetti e Isa<br />

Pola; Antonella Lualdi e Enrico Luigi; Eleonora Rossi Drago, Gino Cervi, Frank<br />

Latimore. Produção da Electra Film. Exibido no Festival da Art.<br />

Cot.: Bom Gen.: Histórias<br />

Se “Outros tempos”, apesar de muito mais subdividido, apresentavam<br />

uma certa unidade que nos permitia analisá-lo conjuntamente, o mesmo não<br />

sucede com “Três histórias proibidas”. Como aconteceu com “Três histórias de<br />

amor”, os trechos desse filme são absolutamente autônomos, e devem ser<br />

analisados separadamente. O único ponto de ligação entre eles é o fato de suas<br />

três protagonistas terem tomado parte no famoso acidente, realmente<br />

acontecido, da queda de uma escada velha, onde se encontravam centenas de<br />

moças à espera de um emprego. Esse mesmo acontecimento serviu de base<br />

para que Giuseppe De Santis realizasse uma das grandes obras do cinema<br />

italiano moderno — “Roma às onze horas” — em que o acidente serviu como<br />

centro polarizador dos vários dramas de cada uma daquelas moças. Em “Tre<br />

storie proibite”, porém, esse ponto de contacto é puramente acidental e<br />

arbitrário.<br />

A primeira história é de base psicanalítica. Uma menina é violentada por<br />

um amigo de seus pais. Passam-se os anos, ela torna-se uma moça, mas a<br />

memória do sucedido marcou profundamente seu temperamento, deixou-a<br />

dominada por complexos. Partindo daí, Genina e Brancati narram sua fita com<br />

firmeza e senso da realidade, sendo prejudicados apenas pelo desempenho de<br />

Lia Amanda, atrizinha piegas e melodramática. Salientemos ainda, que o<br />

caráter essencialmente psicológico e de grande complexidade da narração não<br />

se enquadravam com o estilo pesado e simples de Genina, um dos autênticos<br />

representantes de neo-realismo fenomenológico, o que também impediu que o<br />

filme se realizasse plenamente.<br />

A segunda história é a mais fraca de todas e também foge ao estilo de<br />

Augusto Genina. Trata-se apenas de uma comediazinha sem maior significado.<br />

No último conto, porém, o realizador de “Céu sobre o pântano” pôde dar<br />

largas a todo o seu talento. Com seu estilo mas macio, a enquadração larga, o<br />

corte preciso, o ritmo lento e a perfeita noção da montagem cinematográfica,

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