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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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LÁBIOS QUE MENT<strong>EM</strong><br />

19.10.54<br />

(“Forbidden”). EUA. 53. Direção de Rudolph Maté. Produção de Ted Richmond.<br />

Roteiro de William Sackheim e Gil Doud. Música de Franz Skinner. Elenco:<br />

Joanne Dru, Tony Curtis, Lyle Bettger, Marvin Miller, Victor Sen Young e outros.<br />

Produção e distribuição da Universal. Em exibição no Marabá e circuito.<br />

Cot.: Regular No gênero policial.: Bom<br />

“Lábios que mentem” não superou nossa expectativa. Trata-se de um<br />

policial de rotina, que, sem se colocar entre as melhores produções desse<br />

gênero, mantém um ritmo equilibrado, logrando agradar. Todas as limitações<br />

clássicas a esse tipo de filme estão presentes, como a desumanidade, a<br />

superficialidade, a estereotipia, o convencionalismo. A inverosimilhança e o<br />

simplismo também são constantes dessa fita. Mas todas essas falhas tinham<br />

como suporte um diretor e um produtor, respectivamente Rudolph Maté<br />

(“Rastro sangrento”, “Destino amargo”, “A marca rubra”, “O príncipe ladrão”)<br />

e Ted Richmond (“Centelha”, “O tirano”, “Extorsão”, “O transviado”) que<br />

embora cineastas comercializados, conhecem seu trabalho e são capazes de<br />

imprimir às suas realizações pelo menos um bom nível técnico formal.<br />

Entretanto, quem realmente salvou o filme da mediocridade foi Joanne<br />

Dru, que domina a fita inteira com extraordinária classe. O filme tem como<br />

fundo a cidade de Macau, onde se refugiou Christine. E em torno dessa<br />

personagem gira o filme. Três homens, dois dos quais criminosos, a desejam e<br />

“Lábios que mentem” narra a história da luta desses homens. A personalidade<br />

que os roteiristas William Sackheím e Gil Doud emprestaram a Christine não<br />

tem nada de excepcional, nem dava a Joanne Dru grandes oportunidades, mas a<br />

extraordinária atriz transfigurou-o. Ela não chega a ser propriamente bela, mas<br />

sua simples presença na tela faz com que os demais atores desapareçam. Seu<br />

corpo sua estatura auxiliam-na muito. Mas o que a torna fora do comum é seu<br />

poder de expressão, é a autenticidade do seu semblante, é a expressividade do<br />

seu olhar. Grande atriz dramática, Joanne Dru não teve ainda sua oportunidade.<br />

Tem-se limitado a filmes de segunda ordem presa que esta à Universal, mas<br />

este filme, “Forbidden” embora rotineiro, teve o grande valor de revelar<br />

definitivamente uma interprete notável, capaz de transmitir ao espectador toda<br />

a gama de seus sentimentos.<br />

O roteiro do filme, como o leitor já deve ter compreendido, é apenas<br />

vulgar, embora tecnicamente correto. Na direção Maté portou-se com a<br />

habitual classe. Devemos a ele especialmente algumas ótimas seqüências de

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