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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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ANJO DO MAL<br />

28.09.54<br />

(“Pickup on South Street”). EUA. 53. Direção e roteiro de Samuel Fuller. História<br />

de Dwight Taylor. Produção de Jules Shermer. Música de Leigh Harline.<br />

Fotografia de Joe MacDonald. Elenco: Richard Widmark, Jean Peters, Murvn<br />

Wye, Richard Riley, Thelma Ritez e outros. Fox. Em exibição no Marabá e<br />

circuito<br />

Cot.: Regular No gênero policial: Muito bom<br />

“Anjo do mal” procura trazer o espectador em constante tensão. Trata-se<br />

de um policial violento, movimentado, em que Hollywood tem ocasião de<br />

mostrar mais uma vez seu brilhante apanhamento técnico. Se o leitor quiser<br />

saber se o filme consegue deixar-nos em suspense, responderemos<br />

afirmativamente; mas o fato paradoxal é que a fita não convence, como seria de<br />

esperar.<br />

Samuel Fuller, seu diretor e roteirista, talvez seria um Hitchicock em<br />

embrião. Começou seu trabalho no cinema como cenarista, sem grande êxito;<br />

passando depois para a direção, (“Eu matei Jesse James”, “Baionetas caladas”,<br />

“Tormenta sob os mares”) também não se impôs até agora. Nesta fita, porém,<br />

ele escreveu inclusive, o roteiro e, ao que parece, pela primeira vez resolveu<br />

impor-se ao sistema de produção despersonalizado de Hollywood. O cenário<br />

que escreveu não tinha maiores qualidades dos que as comuns em “thrillers”<br />

estereotipados. Oferecia no entanto algumas boas oportunidades para o diretor,<br />

que usou, então, de uma montagem muita bem cuidada. O maior interesse da<br />

fita reside ai. Fuller foi demagógico, e exagerado em certos momentos, usando<br />

dos primeiros planos e do movimento de câmara excessivamente, mas soube<br />

criar seqüências muito sugestivas. Nos primeiros encontros entre os dois<br />

protagonistas do filme ele chegou inclusive a dar à montagem e ao movimento<br />

e interpretação dos atores um ritmo de jazz. Entretanto, como dissemos. Fuller<br />

excedeu-se em certas ocasiões e além disso não é ainda muito seguro nesse<br />

novo estilo.<br />

Cabe também lembrar o sadismo do filme. O cinema norte-americano já<br />

tem percorrido as vias da desumanidade, mas raramente temos visto película<br />

tão violenta como esta. Tudo se resolve aos murros e ponta pés. E a moral da<br />

fita é curiosa: os bandidos são comunistas, os heróis, uma mulher de vida<br />

duvidosa e um ladrão.

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