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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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GÊNIOS REVOLUCIONÁRIOS<br />

23.12.54<br />

Soubemos que alguns Jovens existencialistas, ou qualquer coisa,<br />

parecida, da França, em suas revistas de cinema, escrevem, com a profundidade<br />

de suas inteligências privilegiadas, analises estéticas sobre “King-Kong”, “A<br />

ilha desconhecida”, “Tarzã na terra selvagem” e “Jungle Jim”, concluindo, com<br />

a sabedoria e a certeza da mocidade sem peias que estes foram os melhores<br />

resultados da arte cinematográfica, em seus sessenta anos de existência...<br />

Não deixa, de ser divertido, muito divertido. Esses rapazes tão inocentes<br />

resolveram revolucionar a, estética cinema fotográfica, inverter todos os<br />

critérios de julgamento e atingir um resultado mais estapafúrdio, contraditório e<br />

ridículo do que os críticos comunistas. Mas não pensem que este é um fato<br />

isolado. Em todos os cantos do mundo existem aqueles que pretendem ser<br />

originais em matéria de cinema, como em todos os demais assuntos. E afinal é<br />

bom que exista gente assim. O que a maioria deles diz, geralmente, não tem<br />

sentido nenhum, mas sempre há alguns mais arrojados, ou que possuam<br />

verdadeiro talento, que conseguem implantar sua reforma, ou pelo menos<br />

influenciar os demais com suas idéias. E em qualquer hipótese, a sua existência<br />

terá o efeito de manter sempre aberta e aguçada a discussão sobre os<br />

problemas.<br />

Em São Paulo, mesmo, existe uma turma de “revolucionários”, bastante<br />

conhecida nos meios cinematográficos. Durante uma certa época, dedicaram-se<br />

à destruição de todos os grandes nomes de cinema, só dando valor à certos<br />

filmes classe C do Pedro II, Santa Helena e do antigo Avenida, pouco sobrando<br />

de bom fora disso. Ultimamente parece que arrefeceram um pouco no seu<br />

entusiasmo de possuir a, verdade, a bela e almejada verdade, contra a opinião<br />

de todo o resto do mundo, mas estão longe de ter abandonado sua linha. Esses<br />

geniozinhos descobriram, nada mais nada menos, o que seja exatamente o<br />

cinema, rodearam essa descoberta e uma serie de outros preconceitos muito<br />

típicos da mocidade de nossos dias (antisentimentalismo, antiintelectualismo,<br />

anticontenudismo, além de outros, “antis” reagindo sempre contra qualquer<br />

exteriorização mais violenta das paixões humanas, que o chocassem) e<br />

disseram que aquela produção extraordinária e ideal, que estivesse de acordo<br />

com todos esses julgamentos prévios, seria, cinema; o resto mereceria ir para o<br />

lixo.<br />

Se essa atitude, no entanto, é evidentemente ridícula, teve uma<br />

vantagem. Em sua busca desesperada de qual quer coisa nova, deram muitas

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