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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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FÚRIA <strong>DE</strong> AMOR<br />

22.09.54<br />

(“Le rage au corps”). França. Direção e roteiro de Ralph Habib, que teve<br />

colaboradores na cenarização. Elenco Raymond Pellegrin, Françoise Arnoul,<br />

Phillippe Lamaire, Jean Claude-Pascal, Catherine Gora e outros. Distribuição da<br />

França Filmes. Em exibição no cine Jussara.<br />

Cot.: Regular No gênero drama: Idem<br />

“Fúria de amor” um filme apenas aceitável. Está longe de realizar o<br />

ideal da obra de arte, mas também não chega a aborrecer. Em seu tema, ao<br />

mesmo tempo delicado e algo escabroso, reside toda a sua importância. Tratase<br />

da ninfomania, doença que deixa a mulher em constante e irrefreável<br />

excitação sexual. “Fúria de amor” e a história de uma jovem nessas condições.<br />

Vivendo em uma região agreste dos Pirineus, sem família e sem educação<br />

adequada ela encarava a sua situação como normal e vivia mais ou menos sem<br />

problemas, entregando-se aos que aparecessem. Um dia, apaixona-se por um<br />

operário italiano, casa-se com ele e vai para Paris. O casamento porém, não<br />

resolvera nada ou quase nada. E é então que sua doença (que ela ignorava)<br />

torna-se motivo de tragédia para sua vida. Ela amava o marido, mas não podia<br />

conter-se. A solução será a medicina.<br />

Como vêem, pois, o filme é tipicamente de Ralph Habib, cineasta e ao<br />

mesmo tempo médico, que vem trazendo os temas da medicina para a tela. Não<br />

vamos discutir agora a validade e a honestidade disso. Preferimos analisar<br />

primeiramente a película sob o ponto de vista estético. E a conclusão a que<br />

podemos chegar é apenas uma: Habib é cineasta medíocre, como já deixara<br />

patente em “Escravo do vício”, recentemente exibido no cine Normandie.<br />

Embora realize filmes humanos, abordando temas com seriedade, falta-lhe<br />

capacidade cinematográfica. É um diretor inexpressivo, sem vigor, sem real,<br />

capacidade de transmissão de idéias e sentimentos através das imagens. Como<br />

roteirista também, ele é apenas correto, mas sem nenhum talento especial. De<br />

forma alguma poderíamos por em um mesmo plano Habib e André Cayatte,<br />

embora, um sendo médico e o outro advogado, ambos levem para a tela<br />

assuntos de sua profissões. Falta ao primeiro a sensibilidade e o conhecimento<br />

do cinema, que o outro possui. Em uma palavra: Ralph Habib não é um artista.<br />

E isto naturalmente significa que suas películas não são obras de arte.<br />

Não lhe falta boa vontade, não há dúvida, mais entre o belo e o bem feito, entre<br />

o belo e o esforço bem intencionado existe a mesma distância do santo para o<br />

pecador.

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