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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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JUVENTU<strong>DE</strong> PERDIDA<br />

24.01.54<br />

(“Juventu perduta”) Itália 47. Direção e história de Pietro Germi. Roteiro de Mario<br />

Monicelli, Pietro Germi e outros. Música de Carlo Rustischelli. Fotografia de<br />

Carlo Montuori. Elenco: Carla del Poggio, Massimo Girotti, Jacques Sernas e<br />

outros. Lux Mar Filmes. Em exibição no Cairo.<br />

Geralmente não analisamos nestas colunas um filme em reprise.<br />

Abrimos no entanto uma exceção para “Juventude Perdida”, de Pietro Germi,<br />

por vários motivos. Realizada em 1947, esta é a segunda fita de Pietro Germi (a<br />

primeira foi “Il testimone”) e a primeira em que ele realmente se salientou.<br />

Aluno do Centro Experimental de Cinema, ele é um cineasta ainda muito<br />

jovem, que depois realizaria “Em nome da lei” e “O caminho da esperança”,<br />

duas películas extraordinárias. Além disso estreou nesta semana um outro filme<br />

seu, “A cidade se defende”, que muito promete, e, em vista da coincidência de<br />

apresentações, resolvemos analisar o que estava sendo reprisado para facilitar o<br />

julgamento do segundo.<br />

“Juventude perdida” pouco fica a dever aos dois grandes filmes que logo<br />

depois ele realizaria. A total surpresa com que essa fita pegou a crítica<br />

universal talvez tenha prejudicado um pouco o Julgamento que então se imitou<br />

sobre ela. Não se podia admitir que um diretor quase estressante realizasse uma<br />

película impecável; mas hoje, que já conhecemos bem o talento de Germi, não<br />

podemos negar o grande valor desse seu filme. Naquela ocasião talvez lhe<br />

faltasse ainda um maior desembaraço na utilização dos recursos formais e ele<br />

ainda se prendia um pouco demais a uma estruturação preestabelecida ao<br />

realizar o filme; mas é inegável que já então estávamos em presença de um<br />

grande diretor.<br />

Essa sua segunda fita trata de um problema social dos mais graves, o do<br />

impressionante aumento da criminalidade entre os jovens, depois de terminada<br />

a guerra. Um longo período de falta de liberdade e domínio do fascismo,<br />

seguido pelo grande conflito, provocou não só dificuldades econômicas, como<br />

também a decadência moral do povo, que durante anos assistia diariamente a<br />

uma total inversão de todos os valores. A juventude, naturalmente, foi a mais<br />

prejudicada por essa crise, e é isso. que Pietro Germi nos mostra com toda<br />

clareza e senso da realidade. Como é norma no movimento neo-realista, ele não<br />

lança nenhuma mensagem nem procura encontrar as soluções: ele coloca a<br />

questão apenas, integrando-a perfeitamente no drama que seu filme põe em<br />

foco.

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