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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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A CIDA<strong>DE</strong> SE <strong>DE</strong>FEN<strong>DE</strong><br />

26.01.54<br />

“A Cidade se defende” (“La cittá si difende”). Itália. 51. Direção de Pietro Germi,<br />

Roteiro do mesmo, de Túlio Pirrelli e de Frederico Fellini. Música de Carlo<br />

Rustiscelli. Elenco: Gina Lollobrigida, Cosetta Greco e outros. Em exibição no<br />

Marrocos.<br />

“A cidade se defende” é um filme bem típico de Pietro Germi, que em<br />

nada desmerece o seu realizador. Não obstante seja este o filme menos bem<br />

sucedido de quantos vimos até hoje do responsável por “Em nome da lei”, esta<br />

película apresenta ainda um grande valor, constituindo-se, indiscutivelmente,<br />

no melhor filme exibido em São Paulo, nestas primeiras semanas de <strong>1954</strong>.<br />

Talvez a melhor classificação para “A cidade se defende” seja a de<br />

drama policial. Estas duas palavras, porém, não esclarecem muito bem o que<br />

seja esse excelente filme, que não pode ser confundido com as películas<br />

policiais norte-americanas, mesmo as de boa qualidade.<br />

Nesta sua última película Germi nos conta a história de um roubo<br />

audacioso e das conseqüências desse crime na vida dos quatro assaltantes.<br />

Neste particular, aliás, “La cittá si difende” lembra muito aquela extraordinária<br />

realização de John Huston, “O segredo das jóias” (“Asphalt Jungle”), filme<br />

absolutamente excepcional, uma das mais marcantes produções de Hollywood<br />

no após-guerra.<br />

Em “A cidade se defende” Germi, depois de nos apresentar o roubo,<br />

logo no inicio da fita, narra sucessiva e mais ou menos independentemente a<br />

história do que acontece aos miseráveis ladrões. Um rouba porque está<br />

desempregado, o outro foi um jogador de futebol famoso que quebrou a perna,<br />

o terceiro é um pintor fracassado, o último, um rapaz cuja moral foi destruída<br />

pelos anos de guerra e pelo ambiente miserável em que vive. Cada um deles<br />

tem o seu drama e “A cidade se defende” é a história desses dramas.<br />

Por muito pouco mais, tínhamos um grande filme.<br />

Não fosse a falta de unidade de que infelizmente está película é vítima e<br />

Germi teria realizado uma fita à altura de “Em nome da lei” ou de “O caminho<br />

da esperança”.<br />

Integrando, embora com algumas peculiaridades, o movimento neorealista,<br />

“A cidade se defende” é um filme profundamente social e humano.

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