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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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A QUERIDINHA DO MEU BAIRRO<br />

07.08.54<br />

Brasil. São Paulo, <strong>1954</strong>. Direção e história de Felipe Ricci. Roteiro do mesmo e de<br />

T. Rarbatoni e J. Pinto Filho. Produção deste último. Fotografia de T. Rarbatoni.<br />

Elenco: Sonia Maria Dorse, Carlos Aun, Rosa Maria, Maria Stela Barros,<br />

Fernando Averbach e Eduardo Urban. Distribuição da Cinedistri. Em exibição no<br />

Bandeirantes e circuito.<br />

Cot.: Péssimo Gen.: Para todos<br />

Um dos reais problemas que encontram os críticos, que realmente<br />

procuram ser honestos e imparciais, é a análise dos filmes nacionais. Veja-se,<br />

por exemplo o que aconteceu conosco em menos de uma semana. Nós, que<br />

raramente cotamos com o grau “péssimo” um filme, o fizemos quase que em<br />

seguida com duas películas brasileiras. Depois surgem os protestos, as<br />

acusações pessoais, os comentários maldosos, o que faz que o crítico de cinema<br />

nacional, quando vê um filme nosso um pouquinho melhor, o “ponha nas<br />

nuvens”, como tem acontecido freqüentemente. É verdade que o cinema<br />

nacional leva uma desvantagem em ralação ao estrangeiro, pois que se entre os<br />

filmes dos primeiros, poucos ficam sem comentários, entre os demais<br />

escolhemos apenas os três ou quatro, às vezes cinco dos melhores da semana<br />

para criticar. Mas o fato é que o nível do nosso cinema ainda é muito baixo e<br />

será um crime, uma falta de sentido de colaboração, começarmos a elogiar<br />

nossas produções, quando infelizmente elas ainda estão longe de se igualar às<br />

do Exterior.<br />

Realizado em São Paulo, “A queridinha do meu bairro” é um filme<br />

lamentável. Extraordinariamente piegas e mal feito, depois de pouco tempo<br />

deixa-nos irritados e com uma enorme vontade de sair do cinema. A fita foi<br />

feita especialmente para um geniozinho precoce chamado Sonia Maria Dorse e<br />

a sina do espectador é suportá-la durante a hora e pouco de sonolentissima e<br />

chorosa projeção. A menina é espetacular ... Basta dizer que ela canta, declama<br />

e dança, grita, chora, se enternece, fica brava, faz voz melodramática,<br />

comovida, de criança, é filantrópica, ama o próximo, possui uma inteligência<br />

privilegiada, é enjeitada, mas encontra seus pais ricos, é querida por todos, é<br />

queridíssima, é a queridinha do meu, aliás, do bairro dos autores do filme, pois<br />

no meu bairro ainda não se conseguiu reunir tanta bobagem junta...<br />

Do começo ao fim, o filme é Vazado em um sentimentalismo barato e<br />

em uma vulgaridade enervante, em que a figura de uma atrizinha péssima,<br />

como é Sonia Maria Dorse, vê-se secundada por atores que não sabem

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