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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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SONHOS <strong>DE</strong> RUA<br />

01.09.54<br />

(“Molti sogni per le strade”). Itália. Direção de Mario Camerini. Roteiro do<br />

mesmo de Piero Telini, sobre história do último. Música de Nino Rota. Fotografia<br />

de Aldo Tonti. Elenco: Anna Magnani, Massimo Girotti, Checco Risone, Dante<br />

Maggio, Luigi Pavese e outros. Em exibição no Marrocos e circuito.<br />

Cot.: Bom No gênero drama: Idem<br />

“Sonhos de rua” é mais um filme da escola realista, italiana, que recebeu<br />

impropriamente o nome de neo-realismo. Não vamos agora retomar esse tema.<br />

Com esta fita, porém, acontece um fato curioso. Para que nossos leitores<br />

tenham uma idéia precisa do que seja ela, necessário se faz que a analisemos<br />

em separado sob dois aspectos: primeiro objetivamente e depois<br />

subjetivamente.<br />

Sob o primeiro ponto de vista, o filme de Mario Camerini devera ser<br />

considerado uma boa película, uma fita tipicamente peninsular em que a<br />

realidade é tomada ao vivo, sem maior preparação e pelo menos aparentemente<br />

sem estudo; em que os elementos humanos se juntam naturalmente aos sociais;<br />

em que os pequenos acontecimentos de cada dia se transformam em teses de<br />

luta de classe (este último fator é deveras freqüente no cinema italiano, mas no<br />

caso presente deve-se particularmente à presença de Piero Tellini como autor<br />

da história e co-roteirista, pois o cenarista de “O Drama da Linha Branca”<br />

possui tendências nitidamente socialistas). Diremos ainda que a idéia central do<br />

filme é perfeitamente valida, que os tipos humanos apresentados são reais e que<br />

os diálogos são de ótima qualidade. Em contraposição lembraremos que o<br />

roteiro de Tellini é apenas correto formalmente, enquanto que Mario Camerini,<br />

na direção, provou novamente ser um diretor de segunda categoria, não<br />

logrando dar nem vigor nem expressão às suas imagens. E do elenco<br />

afirmaremos apenas que é muito bom.<br />

Entretanto isto é o que diz o crítico, na sua obrigação de analisar a obra<br />

cinematográfica friamente, com a maior objetividade. Devemos, no entanto,<br />

não nos esquecer que existe uma outra forma de avaliar uma película: trata-se<br />

do julgamento de ordem subjetiva. E realmente, sob esse prisma, “Molti sogni<br />

per le strade” não nos agradou. É um filme bem feito, uma boa película talvez,<br />

cujas peças foram ligadas com acerto. Mas é um filme sem poesia, sem amor,<br />

sem vibração. Mario Camerini e Piero Tellini nos contam, nele, a história de<br />

uma esposa tremendamente aborrecida, estafante, incompreensiva, irritante (tão<br />

irritante que cansa o próprio público) e de um marido, cujo partido não

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