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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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NEO-REALISMO <strong>EM</strong> FOCO<br />

31.07.54<br />

Uma revista italiana, de cinema, publicou as respostas que três diretores<br />

italianos fizeram à seguinte pergunta, que lhes foi dirigida: “Não pensa que se o<br />

cinema italiano tivesse de abandonar o neo-realismo em seus múltiplos<br />

aspectos, isso significaria a renuncia a aprofundar uma forma de linguagem na<br />

qual se basearam os sucessos artísticos e comerciais do cinema italiano neste<br />

após-guerra?”.<br />

A resposta de Alberto Lattuada (“Moinho de Pó”, “O bandido”,<br />

“Mulheres e luzes”) foi a seguinte : “Renunciar representa certamente o perigo<br />

que a pergunta tão bem formulou. Eu desejaria, contudo, acrescentar que o<br />

termo neo-realismo deve dar-se latitude mais ampla, no sentido de que o<br />

realismo se expressa nos modos e com os estímulos os mais diferentes, desde<br />

fabula até à crônica, do desenho animado ao filme cômico. O importante são a<br />

constante procura da verdade e as reações suscitadas no espírito do espectador.<br />

O neo-realismo permanece claramente uma bandeira de defesa contra a<br />

banalidade”.<br />

Allessandro Blaseti (“Um dia na vida”, “Quatro passos além das<br />

nuvens”, “Fabiola”, “Outros tempos”, etc.) respondeu assim: “Estou persuadido<br />

de que a sincera, leal e mesmo humana observação da realidade — da nossa e<br />

portanto universal — constitui, não apenas a base, mas também a própria<br />

essência do nosso sucesso, no confronto de cinematografia tendenciosas ou<br />

tradicionais. Mas estou também persuadido de que, o clamor desse sucesso se<br />

deveu ao clamor dos fatos que relatávamos e dos quais o mundo fisicamente<br />

ainda vibrava. Não devemos alimentar a ilusão de repetir esse sucesso,<br />

lembrando que somente poderemos tornar a alcançá-lo pelo caminho da<br />

sincera, leal, humana e corajosa participação nos sofrimentos, ânsias e<br />

esperanças da humanidade de nossos dias”.<br />

Por fim, Mario Soldati (“Pequeno mundo antigo”, “Eugenia Grandet”,<br />

“A insatisfeita”, “Heroínas e bandidos” e outros) respondeu: “Os sucessos<br />

artísticos e comerciais do cinema italiano destes últimos anos são,<br />

principalmente, sucessos de após-guerra. Quero dizer que todo o após-guerra<br />

suscita determinada reação e que na Itália essa reação deu vida ao neorealismo.<br />

O problema, por conseguinte, consiste menos em abandonar o<br />

caminho até aqui percorrido, do que, de preferência, em ir para a frente, em<br />

chegar do neo-realismo à verdade. Hoje em dia é patente a tendência à<br />

involução”.

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