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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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AVENTURAS <strong>DE</strong> ROBINSON CRUSOÉ<br />

16.11.54<br />

(“Adventures of Robinson Crusoé”). México. 53. Direção de Luis Bunuel. Roteiro<br />

do mesmo e de Philip Roll, baseado no romance de Daniel Defoe. Fotografia em<br />

Pathecolor de Alex Phillips. Música de Anthony Collins. Produção de Oscar<br />

Dancigers para a Produciones Tepeiac. Em exibição no Marrocos e circuito.<br />

Cot.: Bom No gênero aventuras.: Idem<br />

“Aventuras de Robinson Crusoé”, entre os filmes da segunda fase da<br />

obra de Luis Bunuel, é para nós a primeira realização digna do seu talento. É<br />

bem verdade que não vimos os outros dois filmes por ele realizados e que a<br />

crítica, européia considerou autênticos, “Los olvidados” e “El”, mas suas<br />

demais películas eram todas de cunho nitidamente comercial.<br />

Como seu próprio nome o está indicando, “Adventures of Robinson<br />

Crusoé” baseia-se no celebre e maravilhoso romance de mesmo título de<br />

Daniel Defoe, cujo herói vive durante vinte e oito anos em uma ilha deserta.<br />

Bunuel ateve-se o mais possível ao romance, tanto na sua forma quanto no seu<br />

espírito. De modo geral a fita guardou a simplicidade e a pureza da obra de<br />

Defoe. Isto todavia não impediu que Bunuel, através do filme, deixasse<br />

transparecer em alguns momentos duas de suas tendências mais arraigadas e<br />

pessoais, o surrealismo e o documentarismo. Não pensem, porém, que insistiu<br />

nesses dois rumos, roubando o equilíbrio à fita. Luis Bunuel compreendeu<br />

perfeitamente que o que tinha a fazer era realizar um filme de aventuras,<br />

simples, linear, quase infantil, e foi o que fez. Não se esqueceu porém do<br />

aspecto essencialmente humano da história, do drama daquele homem solitário,<br />

que ansiava pelo convívio dos seus semelhantes. E dentro dessa linha<br />

conseguiu durante todo o transcorrer da película, inclusive no momento em que<br />

aparece Sexta-feira, ser conseqüente e lógico.<br />

O que, todavia, merece maior saliência na fita, é sua realização formal,<br />

pois, embora encontrasse óbices dos mais sérios, conseguiu ser bem sucedida<br />

quase que totalmente. “Robinson Crusoé”, de Daniel Defoe, é um romance<br />

absolutamente anticinematográfico, embora se passe inteiramente em uma ilha<br />

de vegetação exuberante, Bunuel achava-se diante do problema paradoxal de<br />

realizar um filme de aventuras, baseando-se em uma história sem ação, onde<br />

havia praticamente uma só personagem. Além disso, tinha que narrar essa<br />

história, que se passava durante vinte e oito anos. Por outras palavras, Luis<br />

Bunuel via-se diante do problema aparentemente instransponível de realizar<br />

uma fita de aventura, que não possuía quase ação nem unidade, os dois

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