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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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CARROSSEL DA ESPERANÇA<br />

30.03.54<br />

(“Jour de fête”) França, 47. Direção, história e roteiro de Jacques Tati. Col. no<br />

roteiro de Henri Market. Produção de Fred Orain. Música de Yan Yatove.<br />

Fotografia de Jacques Mercanton. Elenco: Jacques Tati, Guy Decomble, Paul<br />

Frankeur, Santa Relli, Maine Vallée, Rafal, Beauvais, Decalsan e habitantes da<br />

cidade de Ste. Sévere-sur-Indre. Em exibição no Oasis. Distr.: ART.<br />

Cot.: Muito boa Gen.: Comédia<br />

“Jour de fête” é algo de novo no cinema. Como esta fita, a comédia<br />

encontra uma nova e brilhante forma de se exprimir através da sétima arte.<br />

Evidentemente podemos notar perfeitamente nela as influências de Chaplin, de<br />

Max Linder e de René Clair, os dois primeiros condicionando a figura da<br />

personagem central e o terceiro fazendo-se notar especialmente pela concepção<br />

formal do filme, mas indiscutivelmente “Carrossel da esperança” abre novas<br />

perspectivas para o governo cômico.<br />

O filme de Jacques Tati supera qualquer expectativa. Embora não atinja<br />

as culminâncias das obras-primas de Charles Chaplin e de René Clair, esta<br />

comédia constitui-se na maior revelação de humor no cinema dos últimos anos,<br />

e nenhum verdadeiro amante do cinema pode deixar de vê-la.<br />

“Jour de fête”, descabidamente traduzida no Brasil para “Carrossel da<br />

Esperança”, é o primeiro filme de Jacques Tati, sendo ele próprio seu principal<br />

interprete. Sua história é curiosa e simples. Narra os acontecimentos de um “dia<br />

de festa”, de uma quermesse em uma aldeia francesa, e as pequenas aventuras<br />

vividas pelo seu estimado carteiro François.<br />

Há muitos e muitos anos não surge no cinema um grande comediante,<br />

do porte de um Stan Laurel, de um Chaplin, de um Groucho. As comédias<br />

sofisticadas, cínicas, de costumes, de fundo psicológico, satíricas etc..., em que<br />

o ator não é o centro do tudo, têm dominado. Dany Kaye, Bob Hope, Red<br />

Skelton, Alec Guiness nada trouxeram de novo ao cinema. Mário Moreno criou<br />

um grande tipo, Cantinflas, mas seu trabalho parou ai. Nenhum desses atores<br />

conseguiu elevar-se ao nível dos acima citados, com exceção apenas de Alec<br />

Guiness, que no entanto nunca impôs sua personalidade de maneira marcante<br />

nos filmes em que trabalhou. Nos últimos tempos, se a comédia ainda se<br />

apresentava viva, isto não era graças a um ou a outro ator, mas ao gênero da<br />

fita. Jacques Tati, entretanto, em “Jour de fête”, inscreveu-se entre os grandes<br />

cômicos do cinema, reabilitando além disso um gênero de filmes que parecia<br />

condenado, pois fora esquecido inclusive pelos seus maiores cultores.

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